Sinto-me compelida em reproduzir está matéria/notícia da página do Pragmatismo Político. Primeiro pela tomada do medo, uma angústia justificada pelo que vem acontecendo no mundo e, de forma sorrateira, muitos desejam que a "coisa" da Russia se repita aqui no Brasil - caçar gays como se estivessem caçando animais. Tamanha é a intolerância destes seres. Mas, a grande questão é o que se guarda por trás destas ações de extrema violência?
Em nosso tempo global, dificilmente uma cultura consegue manter-se isolada, as transformações são sentidas nos lugares mais distantes, por isso, sentimos a proximidade do medo, sentimos a repulsa de certos gestos e vivenciamos uma precipitação de pensamentos conservadores sem fronteiras. Sentimos a liberdade em fuga, acuada e encolhida.
Para tentar entender o que vem acontecendo no mundo quanto a resistência a sexualidade e suas diversas formas me faço a velha questão: Existe uma função fraterna? Pois, o dispositivo para melhor entender nossa civilização, nos parece ser a fraternidade. Ela estabelece que o homem, enquanto animal político, escolheu conscientemente viver em sociedade com seus semelhantes num princípio de igualdade. No entanto o valor e a justiça entre eles não são iguais, justamente porque somos todos de naturezas diferentes.
Maria Rita Khel vai nos dizer algo muito importante:
"A cristalização das fratrias, a tentativa de transformá-las de campo de experimentação em campo de produção de certezas, produzirá fatalmente a segregação e a intolerância, em nome do narcisismo das pequenas diferenças".
Assim, não é raro que de uma formação espontânea e informal, em que semelhantes que se agrupam livremente para autorizar-se em seu desamparo e em sua diferença, produza-se uma gangue, uma seita, um clã. A segregação, a intolerância e a endogamia são destinos previsíveis para as fratrias que, geradas a partir da diversidade e da mobilidade características das sociedades democráticas, podem se transformar em círculos fechados de proteção imaginária que contrariam justamente as condições de sua origem.
A formação de certos grupos identitários, no caso dos "protetores da família" e da ordem, procuram justamente uma Lei dos iguais em detrimento das diferenças, procuram a legitimação de experiências de liberdade - liberdade em suas concepções ideológicas. Diria mesmo que são grupos que se sentem fragilizados quanto a autoridade da lei paterna, uma orfandade simbólica que chamamos de declínio do nome do pai, neste sentido o trato com a liberdade é como uma retomada de princípios que ainda possam carregam um ideal de deus, pátria e família aos moldes de irmãos fraternos. As ações e atos violentos são a prova de um desespero pela queda de seus ideais, em resumo, se sentem ameaçados pelo que lhes convoca a responder de um outro lugar - o lugar do estranho ameaçador.
O mais interessante de tudo isso é que estão, ambos os irmãos, com medo, medos de uns dos outros. E o que poderá surgir deste medo combativo? Violência de ambos os lados!
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Sinal da escalada da homofobia, grupo russo de extrema-direita
cria em rede social “safári” para “caçar” gays:
Postado em: 21
ago 2013:
Maksim “Tesak” Martsinkevich (de regata preta e verde) com membros do grupo Occupy Pedofilia, em Kiev, capital da Ucrânia (Reprodução) |
A atuação é
simples e efetiva. O grupo utiliza o Vkontakte, rede social mais importante da
Rússia, para anunciar a data dos “safáris” (como chamam a busca aos
“criminosos”) e por módicos 250 rublos (R$ 18), qualquer um pode participar da
“caça a pedófilos e a homossexuais”. Para os que estão ainda mais motivados
pela “nobre causa de proteger as crianças russas”, o grupo Occupy Pedofilia faz
um desconto – três caças por 600 rublos (R$ 43).
O Occupy
Pedofilia, grupo russo de extrema-direita, é efeito direto da escalada da
violência contra a comunidade LGBT na Rússia. Recentemente, foram aprovadas
leis regionais e federais para proibir a propaganda de relações consideradas
“não tradicionais” pelos parlamentares russos. A popularidade dos grupos
neonazistas vem crescendo paralelamente ao sentimento homofóbico no país e a
Internet tem aparecido como terreno fértil para a divulgação das ideias dos
movimentos neonazistas.
No mês
passado, entidades de direitos humanos acusaram Occupy Pedofilia, que se
articula principalmente através das redes sociais, pela morte de um jovem gay
do Uzbequistão. Apesar das fotos em que o jovem aparece ensanguentado e cercado
de sorridentes membros do grupo Occupy, além das inúmeras postagens destacando
o “heroísmo” dos extremistas, ninguém foi preso. Por medo de represálias, a
maior parte das vítimas do grupo não denuncia à polícia.
Fundado pelo
ex-skinhead Maksim “Tesak” Martsinkevich em 2012, logo após ter cumprido uma
pena de três anos por incitação a crimes de ódio étnico, o Occupy Pedofilia
explica em sua página
oficial que o objetivo do movimento é “criar um banco de
dados de pedófilos” para que “qualquer um possa conferir se tem algum colega,
professor ou médico” que se encaixe no perfil-alvo do Occupy. Em uma das
páginas do grupo, há mais de 160 mil seguidores.
“Pise em um homossexual como merda”, diz cartaz homofóbico (Reprodução) |
Os membros do
grupo Occupy dedicam seu tempo a encontrar homossexuais ou supostos pedófilos
através da Internet e tudo acontece como nos habituais flertes virtuais: frases
elogiando a foto do perfil, estabelecimento de uma amizade, troca de telefones
e finalmente o encontro real.
Na hora do encontro,
a surpresa. A vítima do trote é forçada a confessar para as câmeras que é um
pedófilo ou um homossexual (para os “justiceiros russos”, os termos se
equivalem) e logo em seguida passam por diversos tipos de humilhação, como ter
que tirar a roupa, falar para os “entrevistadores” segurando uma banana, passar
maquiagem e até mesmo beber urina. Em muitos dos casos, há também covardes
agressões.
Nos vídeos
postados na Internet pelo grupo e nas discussões nos fóruns (abertas a qualquer
internauta), os ataques mais comuns são aos “viados” – “pidor”, como chamam
vulgarmente em russo, numa diminuição do termo “pederasta” – e não aos
pedófilos, como anunciam.
Em um dos
casos que ganhou maior destaque, o ativista gay Artem Gorodilov, da cidade
russa de Kamensk-Uralsky, foi sequestrado no meio da noite e levado até um
cemitério onde está enterrado um outro ativista que se suicidou depois de ter
sua sexualidade exposta pelo mesmo grupo neonazista.
Na noite em
que foi sequestrado, Artem foi obrigado a correr em frente de um carro enquanto
carregava uma cruz que havia sido arrancada do próprio cemitério. A Igreja
Ortodoxa fez uma denúncia à polícia – por causa da cruz destruída -, os
neonazis foram chamados a depor, mas soltos em seguida. Depois de ter sido
interrogado pelas autoridades, um dos neonazis atacou Artem outro vez e jogou
urina em cima do jovem.
Sandro
Fernandes, Opera Mundi
2 comentários:
Esses russos cretinos e que tem que ser postos em ums jaula e levar uns nons choques eletricos por propagarem odio aos gays.MArcos PUnch.
A Coisa tá super complicada na Rússia! A Coisa tá Russa! Espero que isso nunca aconteça em nosso país!
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