Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


domingo, 4 de agosto de 2013

Alexandria (Agora, 2009):




Um dia tive uma queda toda especial pela Hipátia (continuo a ter), pesquisei ela, escrevi ela e até fantasiei ela, numa época que não tinha praticamente nada sobre ela na rede... Criei Anatólia e Eos e, assim alimentai um triangulo amoroso... Agora vejo o filme, Agora em Alexandria. 
Aliás, não entendo porque o nome do filme na versão brasileira, chama-se "Agora". Que sem graça!

Encontrei um site bem bacana que disponibiliza o filme completo sem precisar baixar nada que contamine. Enfim, compartilhando o que estou me alimentando no momento... Por mais manjado que possa parecer, este lugar é para se tornar um arquivo de pesquisa, compartilhamento e transmissão.



MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA

Simplesmente obrigatório este filme de Alejandro Amenábar, que narra a ascensão do cristianismo no Egito do século IV, então sob domínio do Império Romano. Além de contar com uma produção caprichada e direção eficiente, tem um roteiro primoroso que soube costurar a história real da filósofa e astrônoma Hypatia (Rachel Weisz, em estado de graça) com o contexto da intolerância religiosa daqueles tempos.

Entre o decadente paganismo e os judeus de Alexandria, os cristãos impunham as "verdades" dogmáticas de seu deus por meio do ódio à ciência (a protagonosta é perseguida por questionar o geocentrismo) e à crença alheia, fazendo valer a máxima do "olho por olho" escondendo ressentimento e ganância sob o manto da fé.

Ágora acerta em cheio ao demonstrar as relações estreitas entre religião e política, sobretudo na passagem cronológica que transforma os discípulos da atéia Hypatia em figuras políticas importantes da época, alguns dos quais afetivamente envolvidos com ela. O caminho distinto dos ex-alunos vai tomando rumos mais próximos na medida em que o cristianismo ganha força e se impõe politicamente a todos, sob pena de morte para quem literalmente não aceitasse se curvar a seus dogmas.

O que há de mais relevante em Ágora, porém, não é a violência entre religiões por si só - algo já vimos em outros bons frutos que sétima arte gerou. É a coragem em filmar o retrocesso frente ao paganismo (apesar de seus defeitos), rompendo com a idéia recorrente de um suposto "avanço" propagado pelos cristãos que faz de Ágora um filme verdadeiramente imperdível. Ao final da projeção, a gente fica se indagando quantas descobertas não foram silenciadas ao longo da Idade das Trevas cristã. Nesse aspecto, a cena mais emblemática do filme todo é a tomada da biblioteca pelos insurgentes, mandando séculos de conhecimento à fogueira. Assustador. E o pior é que pouca coisa mudou...





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