Por Gonzalo Penalvo Rohleder, 14 de julho de 2011
Uma velha sabedoria diz que "toda palavra é um erro". Faz sentido, a palavra sempre falha em representar aquilo que é particular, único e amplo numa alma. Palavra é símbolo, é limitada, espera interpretação, é deformada pela interpretação, ganha vida com a interpretação.
A palavra é um erro, é verdade, mas essa é só meia verdade. Ela também é acerto, pois é tentativa de expressar o que se move sem palavras dentro de nós. A própria vida é constante ensaio e incompletude, e acaso a vida é um erro por ser incompleta?
Persistente e teimosa peregrina é a palavra, com uma vontade de ferro em seus percalços à busca de mencionar o que não pode ser dito. Insistente como é, chega a vacilar às vezes, mas logo encontra outros caminhos para seguir adiante - e quanto mais tortuosos mais verdadeiros me parecem. Ela é um negativo dos estados interiores e a própria vida positivada.
Muitas vezes a falta da palavra, o calar constitui um erro.