A Peste Onírica
"Eles não sabem que estou trazendo a peste..."
quarta-feira, 8 de março de 2017
quarta-feira, 2 de março de 2016
Esperança & Amor
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Videoteca do Cinema Argentino:
domingo, 7 de dezembro de 2014
Mídias e Suicídio (só uma nota):
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Kabaré de Rosa Negra:
Konheça as meninas metasokráticas
Os filósofos desertores
E os terroristas iluminados
Entre e eskolha um qarto:
A Biblioteka Nômade Alexandrya
A Ilha pirata de Syrakuza
A Cidadela Zionx
Ou os portais para o MultiUniverso!
Literatura & Libertinagem
Filosofia de Kaos
Terrorismo poetiko & Teorias paralelas
Trafiko de informações
Tome uma dose de tekila qantika
E esteja disposto á vadiagem!
Antes de se sentar nalguma mesa
Lembre-se:
Nada está sob controle
Existir é um jogo
Todo vinho tem um propósito
O Universo é só um holograma
Rabiscado por um punhado de eletróns bêbados!
Para entrar aqi é preciso estar bem armado
Entender o amor dos bárbaros
Saber travar o Mental Kombat
E ter olhoskaleidoscópios...
E ao sair
Acenda uma vela pros jagunços santos!
Eu sou Magdalena Volveryne
A kafetina
sábado, 29 de novembro de 2014
Documentários sobre violência policial:
“O que se apresenta na violência é o horror despido de qualquer revestimento simbólico, é o fascínio pelo objeto que preencheria toda a necessidade. Há uma dimensão na atualidade que diz respeito ao caráter público, midiático, televisivo, globalizado da violência cotidianamente mostrada, como fatos que fazem parte dos noticiários diários, nacionais e internacionais, que se conclui pela banalização da violência e pela redução da dimensão subjetiva do humano à imagem. Enfim, a violência virou espetáculo televisivo, cinematográfico e jornalístico, cujas imagens globalizadas imprimem simultaneamente o efeito de horror e fascínio”.
Seguem alguns documentários (curtas) sobre violência policial. Nestes documentários é essencial compreender o “discurso” da violência por parte do estado – daquele que hipoteticamente nos deveria servir de escudo protetor, no entanto, ele reflete o momento de crise do laço social, uma crise da palavra como símbolo mediador; o que provoca, consequentemente, uma passagem ao ato – brutal passagem ao ato que reafirma a ruptura do laço social ou de qualquer outro sentido protetivo.
PAZ… a paz só encontra sentido na palavra – palavras são ações de paz. As possibilidades de intervenção sobre a violência, bem como sobre o discurso que produz a violência, requerem um cuidado especial sobre nossas intervenções, cuidar para não reproduzirmos os mesmos discursos de violência. Apostarmos na fala do sujeito e numa escuta social, ou seja, apostarmos que a palavra não perdeu o seu vigor. Analisar a violência à luz de um esforço de resgate da dignidade da insatisfação. Precisamos recuperar o direito de cada um à insatisfação e ao mal-estar que alimentam o laço social. Recuperar a palavra, a linguagem que nos guia é recuperar a paz.
domingo, 7 de setembro de 2014
O Cão Negro da Depressão:
"A depressão é um cobertor gelado que te envolve quando você já está com frio".
(Pablo Villaça)
A Organização Mundial da Saúde resolveu criar, em parceria com o escritor e ilustrador Matthew Johnstone, um vídeo de animação que mostra de forma simples e direta o que é a depressão e, o mais importante, como é possível se livrar dela.
sábado, 6 de setembro de 2014
Os 50 Anos do Golpe Militar no Brasil. (Correio da APPOA 256):
“mesmo assim quero ver a guerra
de perto, bem de perto.
até a guerra
sumir no risco ferido da
mão”
(Manoel Ricardo de Lima)
O Correio da APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre, nº 256, julho de 2014, trouxe a temática “OS 50 ANOS DO GOLPE MILITAR NO BRASIL”.
Temática
Sobre os rastros e restos deixados pela ditadura civil-militar brasileira - Gabriela Weber ItaquyVidas mutiladas (ainda) - Edson Luiz André de Sousa
Memória, memoriais e o futuro dos que sonharam e dos que sonham com a democracia - Paulo Endo
E o Exílio? - Flávia Schilling
Daqueles tempos - Ana Costa
Abaixar na integra: http://www.appoa.com.br/correio/edicao/236/sumario/107
Foto: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Espetáculo de rua: “O Amargo Santo da Purificação”. Uma Visão Alegórica e Barroca da Vida, Paixão e Morte do Revolucionário Carlos Marighella” conta a história deste herói popular, que lutou contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar, e que os setores dominantes tentaram banir da cena nacional durante décadas. O espetáculo é um painel dos principais acontecimentos que ocorreram no nosso país no século XX.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Leminskanções: Música e Poesia de Paulo Leminski
Estrela Ruiz Leminski selecionou um diversidade fantástica de canções da obra musical de Paulo Leminski, o poeta marginal de Curitiba, para o álbum 'Leminskanções'.
O disco duplo separa-se em dois momentos distintos da obra de Leminski – o disco um, 'Essa Noite Vai ter Sol', apresenta um punhado de composições próprias do poeta, enquanto o disco dois, 'Se nem for Terra, se Transformar', mostra diversas parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Itamar Assumpção, Moraes Moreira, Zé Miguel Wisnik, Edvaldo Santana e até William Shakespeare.
Com produção musical de Fred Ferreira e Natalia Malo, o álbum trás participações especiais de gente como Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, Zelia Duncan, Ná Ozzetti, Serena Assumpção e Bernardo Bravo. Os músicos que gravaram o disco com a cantora receberam o nome de 'Os Paulêra', enquanto ela se apresenta agora como Estrelinski.
Vai lá e abaixa o disco no Eu Ovo: http://euovo.blogspot.com.br/
Eu Ovo Som no Face.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Política e Psicanálise
Ricardo Goldenberg
Coleção Passo-a-Passo Psicanálise
Assunto: Psicanálise
Esse livro mostra que a política e a psicanálise não se opõem e erra quem pensa que uma se ocupa do coletivo enquanto a outra cuida do individual. Na verdade tratam do mesmo objeto – a felicidade (gozo ou res publica, o referente é o mesmo) –, mas o abordam de maneira diferente. É dessa diferença que se ocupa o autor, analisando a questão do poder na relação entre analista e analisando e na política.
Psicanalista política: Maria Rita Kehl fala sobre sua paixão pela polêmica e seu encantamento com a psicanálise
TAGS: Maria Rita Kehl, psicanálise
Marília Scalzo
Fotos Marcelo Naddeo
Publicação Original Revista Cult
Maria Rita Kehl está no centro da polêmica. Vencedora do Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção – com O Tempo e o Cão: a Atualidade das Depressões –, a psicanalista, ensaísta e poeta foi ovacionada pelo público ao subir ao palco da Sala São Paulo para receber seu prêmio, no último dia 4 de novembro. Em parte, as palmas comemoravam a premiação, mas também eram um desagravo ao cancelamento de sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo cerca de um mês antes. Os maiores prêmios do Jabuti deste ano foram muito discutidos – o de Maria Rita menos; o de Chico Buarque de Holanda, com o Livro do Ano de Ficção, mais. A maior crítica que se fez é a de que havia um viés político nas escolhas. Nas trincheiras, amigos e inimigos, como se o mundo fosse ainda dividido em dois, saíram na defesa ou no ataque aos premiados. Bem, mas essa é outra polêmica.
O fato é que Maria Rita Kehl está onde gosta de estar. “Gosto de polêmica”, diz a psicanalista, que, depois de muita análise, garante que aprendeu a não ser chata, pelo menos nesse ponto. “É uma paixão.” No consultório, atendendo seus pacientes, tem de refrear essa paixão. “Aqui, é a vitória do espírito sobre a carne”, brinca. Ouve coisas que gostaria de discutir com alguns pacientes, mas seu papel não é polemizar. Recolhe-se durante 40 horas por semana. Mas, fora dali, a coisa muda. O que aconteceu no mês de outubro, em plena ferveção das campanhas eleitorais, entre ela e o jornal em que assinava uma coluna quinzenal é sinal de que, fora das 40 horas semanais de consultas, o gosto pela polêmica prevalece. Depois de escrever e publicar uma coluna em que falava sobre o voto dos pobres (“Dois Pesos”), sua colaboração foi cancelada – “não chamo de demissão porque não era contratada”. A direção do jornal disse que a coluna foi cancelada por um movimento normal de troca de colunistas que acontece de tempos em tempos.
A coluna, que ela desde o início defendeu que não fosse “de psicanalista”, com Freud explicando todos os porquês, abordava temas diversos. Desde os mais subjetivos e íntimos, como os textos em que falava de suas memórias, do interesse despertado pelo julgamento do casal Nardoni ou sobre o mistério de “o que quer uma mulher”, até os temas políticos, que esquentaram durante o período eleitoral. “A discussão política é muito arrebatadora”, diz. Maria Rita escreveu uma coluna sobre o aborto (“Repulsa ao Sexo”), com “coisas que queria dizer há anos”. Em seguida, revoltada com as correntes que dominavam a internet, fez a última coluna sobre o voto.
Depois que a notícia de seu desligamento do jornal circulou pela internet – e que seu texto ganhou mais leitura e repercussão do que jamais alcançaria nas páginas do diário –, choveram elogios, mas as críticas foram ferozes. Não foi a primeira vez. Talvez não seja a última. Nos anos 1980, ela se lembra de ter sido insultada pelo jornalista Paulo Francis. “Eu me expus a isso. Ele era muito preconceituoso e, na época da eleição da Erundina, que é nordestina, ele escrevia Ééééérundina. Aí eu escrevi um artigo dizendo que ele era um jornalista ééééruditoporque achava que morar em Nova York lhe dava um status de pensar melhor que os outros. Ele ignorou esse artigo, mas um ano depois, na derrota do Lula em 1989, escreveu um artigo com insultos pessoais a mim, dizendo que eu era uma petista de cabeça quente, que meus pacientes tinham de ser todos internados, uma coisa horrível.”
"A discussão política é muito arrebatadora"
O gosto pela polêmica vem do berço. Mais velha e única mulher entre os quatro filhos de um casal de engenheiros, Maria Rita nasceu em Campinas e se criou em São Paulo, no que chama de uma “família excêntrica”. “Meus pais tinham certa dificuldade de inclusão na vida social. Nenhum dos dois era de São Paulo – ele do Rio, ela de Campinas. Não tinham uma grande circulação, mas vejo hoje que eram, com estilos diferentes, muito originais no modo de ver o mundo.” A casa da infância, com seus três irmãos – depois, o pai casou-se de novo e ela ganhou mais um casal de irmãos –, tinha um ambiente de muita conversa, muita discussão. “Era o ambiente que meu pai gostava de criar. Ele gostava de polemizar com os filhos e nós entramos na polêmica, cada um a seu jeito. Isso certamente me influenciou”, conta.
Outra coisa que a influenciou foi, apesar de formada em psicologia, ter começado sua vida profissional como jornalista. “Precisava trabalhar, bati na porta do Jornal do Bairro, cujo dono era o escritor Raduan Nassar, e os editores, muito simpáticos, resolveram me ensinar como escrever um texto jornalístico”, conta. “Depois, comecei a trabalhar nos jornais de esquerda, na década de 1970.” Foi editora de cultura do Movimento, que, ao lado do Opinião e d’O Pasquim, foi um dos mais importantes órgãos da imprensa alternativa durante o regime militar. Foi aí que Maria Rita se politizou: “Cursei os cinco anos da psico na USP [Universidade de São Paulo] entre 1971 e 1975, um período de violenta repressão política. Não fui para a clandestinidade e nunca apostei na luta armada como algumas pessoas cuja coragem eu admiro até hoje. Minha luta sempre foi no campo ideológico.
A formação (informal) como jornalista, anos antes de se tornar psicanalista, talvez tenha contribuído com o que pode ser visto como uma qualidade de Maria Rita: a capacidade de transitar por muitos campos e de ter um olhar mais abrangente sobre as coisas. Mas, para ela mesma, durante muito tempo, esse foi um problema. “Era como se eu não tivesse uma definição muito clara de mim mesma”, diz. Hoje, aos 58 anos, reconhece que sua dificuldade de se enquadrar – “tenho fobia de pensar que vou entrar em uma forma” – e de seguir dogmas acabou favorecendo esse olhar.
Tanto na universidade como na formação como psicanalista, os caminhos que escolheu não foram ortodoxos. “Fiz meu mestrado na USP e não defendi a tese, porque nasceu meu filho e me atrapalhei com a vida cotidiana. Não foi um conflito com a academia. Na época – 1978 a 1980 – eu quis pesquisar a influência da televisão no Brasil durante a década de 1970. Naquela época não se pensava em tomar a televisão como objeto de estudo. Minha pesquisa foi entre a teoria crítica e o jornalismo”, lembra. Na década de 1990, sua tese de doutoramento –Deslocamentos do Feminino – foi um estudo crítico sobre a mulher na psicanálise freudiana e lacaniana. “Fui pesquisar quem era a mulher na Europa do século 19: um período em que a ideia de feminilidade começava a sofrer um deslocamento que só viria a se completar com os movimentos feministas da década de 1960. “Instintivamente, minha sorte nos dois casos é que escolhi orientadores que não orientavam, então fiquei livre para pensar sem tantas amarras da formatação acadêmica.”
Ao decidir tornar-se psicanalista, Maria Rita procurou preservar a mesma liberdade. “Tornei-me psicanalista sem passar por nenhuma instituição de formação em psicanálise”, diz. “Fiz análise, fiz supervisão, estudei, fiz muitos grupos de estudo, mas não me formei em instituições. Sei que essa escolha é questionada entre os psicanalistas. Mas tenho clara a filiação teórica que orienta meu percurso: Freud, Lacan. “Lacan considerava o autodidatismo um traço dos paranoicos”, diverte-se. “Então acho que sou uma autodidata que deu certo, porque achei meu caminho.”
Mas Maria Rita não recebeu tantas críticas por sua formação à margem das instituições, o que ela atribui a uma característica da sociedade brasileira. “No Brasil, quem tem um nome – e eu já tinha nome como jornalista – deixa de ser questionado, a não ser por adversários do campo político.” Ela acredita que em seu próprio campo ninguém mais a questiona para valer. “É muito estranho isso, nem nas minhas bancas de tese fui questionada como imaginava e como gostaria de ter sido.”
Entretanto, ela, que se vê como lacaniana mesmo não tendo a formação rígida, hoje é pouco chamada para debates nas instituições lacanianas. “É como se dissessem: ‘Ela não é dos nossos’.” Seu último livro, o vencedor do Jabuti, que tem enfoque lacaniano, por exemplo, foi discutido em muitos lugares, mas em pouquíssimas instituições ligadas à teoria de Lacan.
A resistência a entrar na forma aparece novamente: “Não escrevo lacanês, faço questão. É uma questão ética. Acho que uma teoria que se fecha em seu jargão para de pensar. A aplicação automática do jargão fecha a indagação”. Em suas opções políticas, a psicanalista também não é dogmática: “Acho que procurar uma ordem social que promova justiça social e igualdade de direitos é uma tarefa tão complexa que é preciso começar a pensar a cada dia”.
“Tanto a psicanálise quanto o materialismo histórico não são teorias a ser aplicadas sobre o real. Essas grandes teorias que atravessaram o século 20 e não perderam a atualidade no século 21 são, antes de tudo, métodos de investigação sustentados por alguns pressupostos teóricos. Não podem ser tomadas como dogmas. Ajudam-nos a observar, entender e operar sobre o mundo à nossa volta.” Nesse ponto, a clínica psicanalítica encaixa-se perfeitamente em seu jeito de ser. “Mesmo tendo lido as obras completas de todos os psicanalistas do mundo, a cada paciente novo começa-se do zero. O background da psicanálise opera entre a fala do paciente e a escuta do psicanalista e do paciente”, diz. “A clínica nos obriga a ter humildade; não se faz teoria aplicada.”
E é seu encantamento com a psicanálise que faz questão de frisar: “A psicanálise é um dispositivo político, no sentido mais amplo da palavra: libertador, de uma potência extraordinária”. “O fato de o final de uma análise ser um compromisso do sujeito com seu desejo expõe uma condição que Lacan chama de trágica, mas que dá para chamar de cômica também”, fala. “Quando o sujeito depara com a fantasia que sustenta sua neurose, é como se dissesse: ‘Nossa, era só isso? Eu estava sofrendo há tanto tempo só por causa disso?’. Tem uma nota cômica, ou irônica, nesse fim da análise. Você ri um pouco das suas pretensões, do seu superego, da sua escravidão voluntária.” Isso encanta a psicanalista até hoje: “Não tem tédio, é uma profissão sem tédio”.
O tédio não existe também no serviço que presta, desde 2006, na Escola Nacional Florestan Fernandes, que forma militantes políticos e lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Maria Rita dá ali um plantão quinzenal como psicanalista e maravilha-se não só porque atende pessoas de uma classe social que jamais atenderia, mas porque acha que essas pessoas têm uma formação humana diferenciada, difícil de encontrar. “Eles distinguem o que é o problema deles, que é sua situação de classe. As inseguranças amorosas e indagações afetivas, que estão no centro da nossa clínica, não comparecem muito na clínica do MST. Parece que o valor das pessoas não depende tanto de se fazerem amar ou desejar pelo outro; está mais ligado à sua relação com o ideal que norteia a militância. O que também é problemático, claro, mas é interessante encontrar uma formação subjetiva um pouco diferente daquela a que estava habituada.” Uma diferença política, claro.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Aaron Swartz–Documentário:
No início de 2013, Aaron Swartz – criador do RSS 1.0 e um dos fundadores do Reddit – cometeu suicídio. Ele tinha 26 anos. Ele queria tornar públicos os artigos da base acadêmica JSTOR, e por isso poderia ser condenado a até 50 anos de prisão e a US$ 4 milhões em multas.
O filme The Internet’s Own Boy: The Story of Aaron Swartz foi legendado de forma não-oficial, por um esforço coletivo, e está disponível abaixo - clique no botão “Legendas” para ativá-las. Vale lembrar que o filme está disponível em licença Creative Commons.
O documentário foi produzido por Brian Knappenberger – que dirigiu um documentário sobre o Anonymous e financiado através do Kickstarter que superou a meta: Knappenberger pediu US$ 75.000, mas recebeu quase US$ 94.000. O filme estreou em janeiro no festival de cinema em Sundance, e nos cinemas americanos e video on demand em junho.
O Menino da Internet: a História de Aaron Swartz conta como o jovem criou o protocolo RSS, usado em inúmeros sites até hoje; como ajudou a criar o Reddit, uma das maiores comunidades online; e sua luta contra o projeto de lei antipirataria SOPA através da entidade Demand Progress.
Mais informações: http://gizmodo.uol.com.br/documentario-aaron-swartz/
Perdão, Aaron Swartz:
A morte de um gênio da internet, aos 26 anos, é um marco trágico do nosso tempo. É hora de pensar sobre nossas ações – ou omissões
ELIANE BRUM - 21/01/2013.
– Eu sinto fortemente que não é suficiente simplesmente viver no mundo como ele é e fazer o que os adultos disseram que você deve fazer, ou o que a sociedade diz que você deve fazer. Eu acredito que você deve sempre estar se questionando. Eu levo muito a sério essa atitude científica de que tudo o que você aprende é provisório, tudo é aberto ao questionamento e à refutação. O mesmo se aplica à sociedade. Eu cresci e através de um lento processo percebi que o discurso de que nada pode ser mudado e que as coisas são naturalmente como são é falso. Elas não são naturais. As coisas podem ser mudadas. E mais importante: há coisas que são erradas e devem ser mudadas. Depois que percebi isso, não havia como voltar atrás. Eu não poderia me enganar e dizer: “Ok, agora vou trabalhar para uma empresa”. Depois que percebi que havia problemas fundamentais que eu poderia enfrentar, eu não podia mais esquecer disso.
Aaron Swartz tinha 22 anos quando explicou por que fazia o que fazia, era quem era. Aos 26, ele está morto. Foi encontrado enforcado em seu apartamento de Nova York na sexta-feira, 11 de janeiro. Provável suicídio. Talvez a maioria não o conheça, mas Aaron está presente na nossa vida cotidiana há bastante tempo. Desde os 14anos, ele trabalha criando ferramentas, programas e organizações na internet. E, de algum modo, em algum momento, quem usa a rede foi beneficiado por algo que ele fez. Isso significa que, aos 26 anos, Aaron já tinha trabalhado praticamente metade da sua vida. E, nesta metade ele participou da criação do RSS (que nos permite receber atualizações do conteúdo de sites e blogs de que gostamos), do Reddit (plataforma aberta em que se pode votar em histórias e discussões importantes), e do Creative Commons (licença que libera conteúdos sem a cobrança de alguns direitos por parte dos autores). Mas não só. A grande luta de Aaron, como fica explícito no depoimento que abre esta coluna, era uma luta política: ele queria mudar o mundo e acreditava que era possível.
E queria mudar o mundo como alguém da sua geração vislumbra mudar o mundo: dando acesso livre ao conhecimento acumulado da humanidade pela internet. E também usando a rede para fiscalizar o poder e conquistar avanços nas políticas públicas. Movido por esse desejo, Aaron ajudou a criar o Watchdog, website que permite a criação de petições públicas; a Open Library, espécie de biblioteca universal, com o objetivo de ter uma página na web para cada livro já publicado no mundo; e o Demand Progress, plataforma para obter conquistas em políticas públicas para pessoas comuns, através de campanhas online, contato com congressistas e advocacia em causas coletivas. Em 2008, lançou um manifesto no qual dizia: “A informação é poder. Mas tal como acontece com todo o poder, há aqueles que querem guardá-lo para si”.
Indignado com a passividade dos acadêmicos diante do controle da informação por grandes corporações, ele conclamava a todos para lutar juntos contra o que chamava de “privatização do conhecimento”. Baixou milhões de arquivos do judiciário americano, cujo acesso era cobrado, apesar de os documentos serem públicos. Chegou a ser investigado pelo FBI, mas sem consequências jurídicas. Em 2011, porém, Aaron foi alcançado.
>> O risco de criar um mártir da pirataria
Em alguns dias, ele baixou 4,8 milhões de artigos acadêmicos de um banco de dados chamado JSTOR, cujo acesso é pago pelas universidades e instituições. Aaron usou a rede do conceituado MIT (Massachusets Institute of Technology) para acessar o banco de dados, fazendo download de muitos documentos ao mesmo tempo, o que era – é importante ressaltar – permitido pelo sistema. Não se sabe o que ele faria com os documentos, possivelmente dar-lhes livre acesso. Mas, se era esta a intenção, Aaron não chegou a concretizá-la. Ao ser flagrado, ele assegurou que não pretendia lucrar com o ato e devolveu os arquivos copiados para o JSTOR, que extinguiu a ação judicial no plano civil.
Havia, porém, um processo penal: Aaron foi enquadrado nos crimes de fraude eletrônica e obtenção ilegal de informações, entre outros delitos. “Roubo é roubo, não interessa se você usa um computador ou um pé-de-cabra, e se você rouba documentos, dados ou dólares”, afirmou a procuradora dos Estados Unidos em Massachusetts, Carmen Ortiz (United StatesAttorney). Aaron seria julgado em abril. E, se fosse acatado o pedido da acusação, esta seria a sua punição: 35 anos de prisão e uma multa de 1 milhão de dólares.
Aaron Swartz morreu antes, aos 26 anos. E, como disse Kevin Poulsen, na Wired: “O mundo é roubado em meio século de todas as coisas que nós nem podemos imaginar que Aaron realizaria com o resto da sua vida”. Na The Economist, ele assim foi descrito: “Chamar Aaron Swartz de talentoso seria pouco. No que se refere à internet, ele era o talento”. Susan Crawford, que foi conselheira de tecnologia do governo de Barack Obama, afirmou, como conta John Schwartz, noThe New York Times: “Aaron construiu coisas novas e surpreendentes, que mudaram o fluxo da informação ao redor do mundo”. E, acrescentou: “Ele era um prodígio complicado”.
Li em vários artigos que Aaron seria depressivo. Em alguns textos, a suposta depressão foi citada como causa de sua decisão, como se a doença pudesse estar isolada – e não associada aos possíveis abusos cometidos contra ele no curso do processo judicial. É evidente que qualquer pessoa, e especialmente se ela for saudável, sofreria com a perspectiva de passar as próximas três décadas na cadeia – mais ainda se isso significasse um tempo superior à toda a sua vida até então. Esta é uma possibilidade capaz de abater até o mais autoconfiante e otimista entre nós, o que não equivale a dizer que todos lidariam com esse pesadelo da mesma forma. Se é perigoso encontrar um culpado para uma escolha tão complexa quanto o suicídio, também é perigoso quando a depressão é vista como algo apartado da vida vivida – e a patologia é colocada a serviço da simplificação. Se as doenças falam do indivíduo, falam também do seu mundo e de seu momento histórico. (leia mais sobre a trajetória de Aaronaqui e aqui.)
Se Aaron Swartz encerrou a própria vida, esta foi a sua decisão. Tornar-se adulto é também bancar as suas escolhas – e, neste sentido, estar só. Digo isso para que a nossa dor não esvazie de protagonismo o último ato de Aaron, o que equivaleria a desrespeitá-lo. Aaron é responsável por sua escolha, por mais que ela possa ser lamentada. E só ele poderia afirmar por que a fez.
Isso não significa, porém, que vários atores do caso judicial que envenenou a vida de Aaron nos últimos dois anos, com aparentes excessos, não precisem também assumir responsabilidades e responder por suas respectivas escolhas.Um dos mentores de Aaron, Larry Lessig (escritor, professor de Direito da Universidade de Harvard, cofundador do Creative Commons) afirmou que ele tinha errado, mas considerou a acusação e a possível punição uma resposta desproporcional ao ato. Logo após a morte de Aaron, escreveu: “(Ele) partiu hoje, levado ao limite pelo que uma sociedade decente só poderia chamar de bullying”.
Colunistas como Glenn Greenwald, do Guardian, acreditam que o processo penal era uma resposta do governo dos Estados Unidos contra o seu ativismo libertário: “Swartz foi destruído por um sistema de ‘justiça’ que dá proteção integral aos criminosos mais ilustres – desde que sejam membros dos grupos mais poderosos do país, ou úteis para estes –, mas que pune sem piedade e com dureza incomparável quem não tem poder e, acima de tudo, aqueles que desafiam o poder”. Em declaração pública, a família afirmou: “A morte de Aaron não é apenas uma tragédia pessoal. É produto de um sistema de justiça criminal repleto de intimidações”. A família também responsabilizou o MIT pelo desfecho.
Em comunicado, o presidente do MIT, L. Rafael Reif, anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar a responsabilidade da instituição nos acontecimentos que levaram à morte de Aaron. Reif escreveu: “Eu e todos do MIT estamos extremamente tristes pela morte deste jovem promissor que tocou a vida de tantos. Me dói pensar que o MIT tenha tido algum papel na série de eventos que terminaram em tragédia. (...) Agora é o momento de todos os envolvidos refletirem sobre suas ações, e isso inclui todos nós do MIT”.
É tarde para o MIT, é tarde para nós. Mas, ainda assim, necessário. É importante pensar sobre o significado da tragédia de Aaron Swartz. E, para começar, só o fato de ela poder significar algo para todos, sendo ele um jovem americano encontrado morto num apartamento em Nova York, é bastante revelador desse mundo novo que Aaron ajudava a construir. Esse mundo que nos une em rede, simultaneamente, que faz o longe ficar perto. Nesse contexto, a tragédia de Aaron Schwartz não é apenas um episódio, mas o marco de um momento histórico específico. Nele, diferentes forças econômicas, políticas e culturais se batem para impor ou derrubar barreiras no acesso ao conhecimentona internet. E este é, junto com a questão socioambiental, o maior debate atual. E é ele que está moldando nosso futuro.
Como disse Tatiana de Mello Dias, em seu blog no Estadão, “poucas pessoas traduziram tão bem a época em que nós estamos vivemos quanto Aaron Swartz”. Isso faz com que possamos pensar que sua morte é também, simbolicamente, um fracasso da geração a qual pertenço. Essa geração que testemunhou o nascimento da internet, que está decidindo – na maioria dos casos por omissão – como o conhecimento vai circular dentro dela e que, por ter crescido num mundo sem ela, nem chega a compreender totalmente o que está em jogo. E por isso deixa a geração de Aaron tão só.
Obviamente sou capaz de perceber os poderosos interesses envolvidos nas decisões relacionadas à internet, boa parte deles conduzidos também por gente da geração a qual pertenço. Mas me refiro aqui à passividade de muitos, no exercício da cidadania, diante de um dos debates cruciais do nosso tempo. E aqui vale uma observação: quando se diz que a juventude atual é alienada, que não trava lutas políticas como seus pais e avós, não é também deixar de enxergar o que se passa na internet, a “rua/praça” de uma série de movimentos políticos levados adiante pelos mais jovens? Já não é um tanto estúpido pensar em mundo real/mundo virtual como oposições? Criticar o “ativismo de sofá” dos mais jovens, menosprezando as ações na rede, não seria má fé ou ignorância? Talvez, como pais e adultos desse tempo, parte de nós tenha apenas medo e vergonha daquilo que não compreende. E, em vez de tentar compreender, num comportamento humano tão triste quanto clássico, desqualifica e rechaça. Afinal, literalmente, a internet tirou o chão que acreditávamos existir debaixo dos nossos trêmulos pés. Ou, pelo menos, nos mostrou que não havia nenhum.
Aaron não era apenas um gênio da internet, ainda que essa palavra “gênio” já tenha sido tão abusada. Talvez o maior ato político de Aaron tenha sido o que fez com seu talento. Ele usou-o para lutar pelo acesso livre ao conhecimento, via internet. Isso, em si, já o tornaria perigoso para muitos. Mas há algo que pode ter soado ainda mais imperdoável: Aaron não queria ganhar dinheiro com o seu talento. Ele não era aquilo que as crianças são ensinadas a admirar: um jovem gênio milionário da internet, como Mark Zuckerberg, o criador do Facebook. Aaron Swartz era um jovem gênio que não queria ser milionário. E, convenhamos, nada pode ser mais subversivo do que isso.
Ao ler sobre a morte de Aaron Swartz, lembrei de dois versos. Ao fim ou diante dele, apesar de todos os argumentos, é só a poesia que dá conta da tragédia. Um é do eternamente jovem Rimbaud (1854-1891): “Por delicadeza, perdi minha vida”. E o outro foi escrito por um Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) já velho: “Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer”.
Quando lemos o que Aaron Swartz escreveu, ouvimos o que disse, ele que acreditava tanto em mudar o mundo, é difícil não pensar: por que ele desistiu de nós, ele que acreditava tanto? Que mundo é esse que criamos, onde alguém como Aaron Swartz acredita não caber?
Então, é isso. Ele nos deixou sozinhos no mundo que legamos à sua geração. Entre os tantos feitos admiráveis deixados por Aaron em sua curta trajetória, ao morrer ele deixou também um outro legado: a denúncia do nosso fracasso.
Perdão, Aaron Swartz.
domingo, 3 de agosto de 2014
Norman Finkelstein
"Norman Finkelstein é um conceituado cientista político norte-americano, filho de judeus sobreviventes do Holocausto e crítico feroz do governo sionista de Israel. Ele é um dos mais conceituados analistas sobre o conflito Israel-Palestina.
Neste episódio (Vídeo abaixo) ocorrido no final de uma conferência na Universidade de Waterloo, no Canadá, ao ser interpelado por uma jovem judia, em lágrimas, que tenta contrapor aos seus argumentos, Finkelstein arrasa, denunciando a hipocrisia de suas lágrimas. O vídeo faz parte do documentário "American Radical: The Trials of Norman Finkelstein".
*PS: Constrangedor, teria me escondido embaixo da mesa, tiraria a roupa e sairia cantando pra disfarçar.
Site oficial:
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