Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


domingo, 15 de novembro de 2009

ESTUDO PRELIMINAR DO CASO DORA – NOTAS SOBRE O FEMININO


Por: Luciana V. K. Mai

O presente trabalho é um estudo (parcial) do Caso Dora, de Freud. Objetiva levantar questões e discorrer sobre algum conceito que nos salte aos olhos. Detivemo-nos apenas na primeira parte do texto, antes de alcançar a descrição dos sonhos de Dora. Na introdução do Quadro Clínico, encontramos as descrições e conjecturas de Freud sobre Dora, sua família e os sintomas histéricos que a fizeram chegar até o seu consultório. Freud nos oferece uma espécie de biografia de Dora e das circunstâncias de sua atual condição, bem como, das circunstâncias familiares. Assim, nos inteiramos da vida e da história da paciente.


É notório dizer que no Caso Dora se faz presente os conceitos fundamentais da psicanálise, como o Recalque, as Pulsões, o Inconsciente, a Repetição, a Transferência e a Teoria dos Sonhos[1]. Todos os conceitos permeiam o Caso, de forma que podemos, inclusive, pensar densamente, a Sexualidade (Teoria da Sexualidade), o Complexo de Édipo, o Complexo de Castração e assim, discorrer sobre a estrutura histérica e a “complacência somática”, associando conceitos para culminar na histeria propriamente, com singulares características.


Observa-se, no Caso Dora, o que se poderia chamar de um malogro de Freud e, que Lacan vai discorrer inúmeras vezes em seus seminários. Aquilo que escapou a Freud seja por “preconceito de época” ou por não ter conseguido sustentar a análise de Dora por mais tempo, pois que esta o abandona após três meses de análise, é analisado por Lacan – aquilo que a estrutura histérica traz em seu discurso – o que sou? No caso, “o que é ser uma mulher?” O Caso nos remete a discutir a questão da feminilidade, tema que podemos encontrar em dois textos de Freud – um de 1931 e o outro, de 1932. Mas, para além deles, Lacan foi quem melhor elucidou ou problematizou a questão do feminino, pois para ele, “não existe um significante que diga o que é ser uma mulher”. A questão de sustentação do discurso histérico parece ser o ‘colocar-se’ (identificar-se) com a posição do Outro, para responder a demanda do que é ser (homem/mulher) de forma a assim se sustentar. Qual é o desejo da histérica? Ora, saber o que uma mulher deseja.


O que nos faz querer saber de Dora? Pensemos na fantasia e no desejo desta adolescente. Sim, uma adolescente envolvida numa trama sexual – um emaranhado de relações cuja base situa-se num quarteto amoroso. Não seria de estranhar o quão absurda é a sua história – o pai e a Srª K; Dora e o Sr K. O pai barganha com o Sr K para, em troca da filha, ter a esposa deste. O caso é implícito, feito de “inocentes intenções”, diga-se de passagem. Ambos movidos por seus desejos, não é mesmo?! Mas pensemos particularmente no desejo de Dora[2].


Primeiramente vamos aludir de que a adolescência não é uma estrutura, mas tem papel de “revalidação” dos processos infantis, ou seja, a sexualidade infantil terá um novo ideal e o sujeito uma nova posição discursiva. Para tanto citamos Freud:


Um estudo aprofundado das manifestações sexuais da infância provavelmente nos revelaria os traços essenciais da pulsão sexual, desvendaria sua evolução e nos permitiria ver como se compõe a partir de diversas fontes. (FREUD, 1905 – Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – Cap. II v. VII – Edição Eletrônica das obras Completas de Freud).

Com a chegada da puberdade introduzem-se as mudanças que levam a vida sexual infantil a sua configuração normal definitiva. Até esse momento, a pulsão sexual era predominantemente auto-erótica; agora, encontra o objeto sexual. (FREUD, 1905 – Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – Cap. III v. VII – Edição Eletrônica das obras Completas de Freud).

A afeição infantil pelos pais é sem dúvida o mais importante, embora não o único, dos vestígios que, reavivados na puberdade, apontam o caminho para a escolha do objeto. Outros rudimentos com essa mesma origem permitem ao homem, sempre apoiado em sua infância, desenvolver mais de uma orientação sexual e criar condições muito diversificadas para sua escolha objetal. (FREUD, 1905 – Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – Cap. III v. VII – Edição Eletrônica das obras Completas de Freud).

Trouxemos estas citações para melhor ilustrar o caminho que percorre a sexualidade e, assim, pensarmos que Dora, achava-se em plena crise subjetivante da adolescência. Freud não estava tratando de uma mulher histérica, mas de uma adolescente (ainda assim histérica) que lidava com o seu desejo – desejo que se escrevia gradativamente como um desejo de mulher. O grande impasse na história desta paciente era identificar o seu desejo que, por momentos, pensamos estar enamorada do Sr. K. – assim insistiu Freud. Dora, na verdade, estava sim enamorada da Srª K. – e por identificação toma o Sr. K. como objeto do seu afeto, produzindo recorrentes manifestações somáticas e psíquicas – um interessante revés na interpretação: estar no lugar do masculino para responder sobre o feminino. Mas como se tornar uma mulher sem ser como um homem? No texto “A Feminilidade” de 1932[3], Freud procurou responder sobre o feminino, mas logo avisou “(...) A Psicanálise não tenta descrever o que é a mulher – seria uma tarefa difícil de cumprir – mas se empenha em descobrir como a mulher se forma, como a mulher se desenvolve desde a criança dotada de disposição bissexual.”.


Quando Freud nos fala da bissexualidade, não se trata de dois sexos ao mesmo tempo, mas de dois gozos distintos, duas maneiras de buscar a satisfação. Pois, sem um objeto que de conta da falta e considerando-se, que o desejo é insatisfatório, o que se busca é o que falta; então, para satisfazer-se parcialmente, qualquer objeto que carregue as marcas do objeto perdido, pode ocupar lugares que dêem sentido ao vazio. Assim, podemos responder a questão de como Dora desejou a Srª K. identificando-se com o Sr. K. Ela coloca-se numa posição masculina, pois quem deseja é um sujeito que não tem sexo, sendo que é um efeito de significantes.


(...) A realização da posição sexual no ser humano está ligada, nos diz Freud – e nos diz a experiência – à prova da travessia de uma relação fundamentalmente simbolizada, a do Édipo, que comporta uma posição que aliena o sujeito, isto é, o faz desejar o objeto de um outro, e possuí-lo por procuração de um outro. (...) É na medida em que a função do homem e da mulher é simbolizada, é na medida em que ela é literalmente arrancada ao domínio do imaginário para ser situada no domínio do simbólico, que se realiza toda posição sexual normal, consumada. É pela simbolização a que é submetida, como uma exigência essencial, a realização genital – que o homem se viriliza, que a mulher aceita verdadeiramente sua função feminina. (LACAN – Seminário 3 – p. 203)

Lacan nos diz ainda mais, “é na ordem do imaginário que se situa a relação de identificação ($<>a).” Assim, entendemos que, no decurso do infantil é com uma imagem de sujeito que a família se relaciona, antecipando esse sujeito. Estamos no campo dos ideais narcísicos, consequentemente, no campo dos referenciais significantes que operam através de um circuito pulsional e que vão amarrando o desejo a partir deste Outro. A imagem contém uma significação fálica composta de elementos simbólicos. Então, o que o Outro quer de mim? Aderir a uma imagem que é formadora do eu, tomar para si a imagem que é do Outro – uma morte simbólica. O que Dora fez foi, senão, identificar-se com um homem para responder sobre a sua feminilidade – e ainda identificar-se com o Sr. K como que identificar-se com o pai que, por hora, relacionava-se com a Srª K, ou seja, “a fantasia é uma identificação do sujeito com o objeto”. Pois que, a questão histérica gira em torno do pai. Embora o objeto cause desejo, quem o mantém é a fantasia e como tal só busca desejar.


Aventuramo-nos a falar do Caso Dora, tomando os estudos sobre a sexualidade e a feminilidade, um caminho longo e denso. A satisfação foi parcial, pois necessitamos de mais leituras e estudos; sentimos dificuldade, mas avançamos gradativamente. Adentramos por este viés, porque a questão do feminino e do desejo de Dora pela Srª K é o que mais marca o Caso. Então, o desafio foi posto e queremos saber mais... Queremos saber do desejo feminino. Queremos saber o que quer uma mulher...

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BIBLIOGRAFIA:

FREUD, Sigmund. Conferência XXXIII – A Feminilidade – v. XXII – 1932. Edição Eletrônica das Obras Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. A Sexualidade Feminina – 1931 v. XXI. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Algumas Observações Gerais Sobre Ataques Histéricos – 1908 v. IX. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Algumas Conseqüências Psíquicas da Distinção Anatômica Entre os Sexos –1925 v. XIX. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. O Inconsciente – 1915 v. XIV. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. As Pulsões e suas Vicissitudes (Os Destinos das Pulsões) – 1915 v. XIV. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Além do Princípio de Prazer – 1920 v. XVIII. In:____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. A Interpretação dos Sonhos – 1900 v. V, Cap. VII. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Sobre o Narcisismo: Uma Introdução – 1914 v. XIV. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. O Recalque – 1915 v. XIV. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Os Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – 1905 Cap. II v. VII. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. Os Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – 1905 Cap. III v. VII. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]
____. A Dissolução do Complexo de Édipo – 1924 v. XIX. In: ____ Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Freud. RJ: Imago [200?]

LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 1: Escritos Técnicos de Freud (1953-1954) – 2º ed. – RJ: Jorge Zahar Ed. 1998.
____. O Seminário, Livro 3: As Psicoses (1955-1956) – 2º ed. – RJ: Jorge Zahar Ed. 1998.
____. O Seminário, Livro 4: A Relação de Objeto (1956-1957) – 2º ed. – RJ: Jorge Zahar Ed. 1998.
____. O Seminário, Livro 5: As Formações do Inconsciente (1957-1958) – 2º ed. – RJ: Jorge Zahar Ed. 1998.


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NOTAS:


[1] Na Interpretação do Sonho de Freud encontramos todas as bases fundamentais para falarmos de Recalque, Fantasia e Desejo. Alias, vale lembrar que o estudo do Caso Dora deveria chamar-se originalmente “Sonhos e Histeria”, pois seria este uma extensão dos estudos sobre os Sonhos. Diz-nos Freud: “(...) De onde se origina o desejo que se realiza nos sonhos? (...) Desejos são imortais como os titãs – desejos mantidos sob recalcamento são eles próprios de origem infantil, são moções inconscientes.” (FREUD – A Interpretação do Sonho 1900 – Cap. C. – Edição Eletrônica das Obras Completas de Freud).


[2] Lacan fez a seguinte questão: “Ele (Freud) se pergunta o que Dora Deseja, antes de se perguntar quem deseja em Dora.” (LACAN, Seminário 3 – p. 200.)

[3] FREUD – Conferência XXXIII – A Feminilidade – Vol. XXII – 1932. Edição Eletrônica das Obras Completas de Freud.

Letargia


Por: Gonzalo Penalvo


Como quizera me desfazer, partir-me num infinito de pedaços, dissolver meu Eu no todo, anulando toda tensão em mim contida. Sem mais conflito, medo ou dor, minha essência dissipada na escuridão. Em meus pensamentos ressoa uma canção de morte, melodia inerte proibida para os ouvidos dos vivos. Morte, em suas mãos quero fazer meu leito, repouso absoluto, descanso eterno. Em ti encontrarei liberdade e salvação. Resolve, por fim, a incompletude de minha existência. Faz-me pleno em sua negra profundidade, absorva-me em seu vazio de perfeição. Meu ser a busca numa ansiosa passividade, letargia. Letargia me consome. Letargia, me consuma!

Desejo e Surrealidade

Deusa Isís

Um efêmero detalhe pode (e vai) trazer a mais viva lembrança da memória (para a memória). Com os desejos mais profundos também funciona assim, um signo – basta um signo para que voltemos ao tempo – um lugar, é bem verdade, atemporal.

Quando as Psyques flutuavam, bastava que elas sugassem uma pequena gota de sangue para voltarem a relembrar. Nossos desejos são iguais, basta que molhem os lábios, em alguma reminiscência, para que revivam, renasçam do escuro que tentamos deixá-los. Desejos não podem e nunca serão estancados, perpetuam até o último momento de nossas vidas. “Desejos são imortais como os deuses”.

É surreal?! (eu acho) Porém, não é um código, não é mensagem cifrada é, no mínimo, uma coisa louca, profunda e bem direta – na veia.
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"Murmuras hen?
E é tudo tão simples, um azul seboso, um passar sobre, alguns tombos.
O que?
A vida, azul seboso. Tu crias um caminho de dores para ti, o coração e o UMM são ilusões, descansa.
Não posso, as coisas pulsam, tudo pulsa, há sons o tempo inteiro, tu não ouves?
Mas, são os sons da cor, teu som Srª K.
Como é o meu som?
Quando caminhas pela casa me dizendo mentiras, te fazendo leve, é estridente, uniforme, o apito do homem do trem antes do trem sair, tu sabes... aos poucos te incorporas ao existir do trem e começas a ser o som nevoento das rodas, expulsas uns chiados.
Senhora K, teu som do UMM, me assusta, sabes?
Depois quando te deitas e me tocas, uns graves curtos vão se fazendo, olhe, se os figos emitissem sons quando os abrimos seria esse teu som nessa hora quando me tocas
E depois?
Quando os cães raspam uma terra úmida
Sim, afundam o focinho também, aspiram
Expectativa, alguma coisa viva por ali
Alguns só raspam a terra para espojarem-se depois,
De costas
Não tu, Srª. K., é como se o vento, a terra, a dura cartilagem, em saliva e cheiro
me tocassem, tubas, flautas
Deves ouvir... nem sonatas, nem trios, nem quartetos de cordas, só vida, palpitação. Se pudesses esquecer, Srª. K., teias, torções, sentir a minha mão sem o teu vivo-morte, te acaricio apenas, olha, é a mão de uma mulher, vê que simples, dedos, mornura, te acaricio apenas, e a tua pele teu corpo vai sentir a minha mão como se a água te circundasse, mas não sou eu experienciada em ti, me vês como nunca me pude ver, eu não sou essa que vivencias em ti, és Srª. K. apenas, Srª. K. que pode ser feliz só sendo assim tocada, não é bom? Fecha os olhos procura imaginar o vazio, o azul seboso, pequenos tombos, eu uma mulher te tocando porque te amo e porque o corpo foi feito para ser tocado, toca-me também sem essa crispação, é linda a carne, não mete o Outro nisso, não me olhes assim, o Outro ninguém sabe, Srª. K., Ele não te vê, nem te ouve, nunca sabe de ti, sou eu, sopro e ternura, sim claro que também avidez e sombra muitas vezes, mas é apenas uma mulher que te toca, e metemos vida, é isso Senhora K., é apenas isso, agora vamos, maldita vem viver, vem ser feliz. Vamos, tira essa roupa poeirenta de passado, pega, beija, abre a boca e grita pro invisível, pra luz, pro nojo e fornicas o mundo e aspira as expectativas que nem um cão."


*É meio uma mistura de coisas – Temperos da Vida – Misturei as coisas pra dá certo ou errado o que desejo, então ficou assim...

(Pulsão de Morte)(?)


Por: Gonzalo Penalvo


“Noite passada encontrei-me nos braços de uma implacável dama. Em seu abraço repousei perdendo a realidade. Ela insiste em cravar-me suas presas noite após noite. Extrai-me a vida - e não para servir-se dela – despreza-a e o faz por deleite. Dormi em seu colo, envolto por hipnótico manto, que tal qual negro vórtice absorve minha essência subjugada.

“Siren” obscura, Senhora da noite, entoará novamente sua doce melodia, passaporte para a morada de Morpheus? Magnífica mansão etérea onde anseio refugiar-me. Mundo de ilimitados mundos, de infinitas portas. A cada adormecer vago errante por seus corredores onde o amado e o odiado se unem e pelos quais Desejo perscrutar entre a beleza sublime e a loucura.

Cara Dama, empresta tuas asas à minha percepção, para que nela encontre a chave da noite. Será que adentrando a senda do desconhecido verei o mundo além das aparências? Apenas fantasio o que lá encontraria: angústia? verdade? Êxtase e desespero poderiam surgir entrelaçados, não me admiraria, pois não é esse o caminho do impossível?

Diante dela ergue-se frágil, torpe e insignificante toda construção humana, cujo destino está assegurado na poeira do universo. Serenamente vê isso tudo, apenas observa a transitoriedade das coisas, sorrindo orgulhosamente por estar além destas, por transcendê-las.

Através da morte, tens o controle da vida. Comanda pela passividade. De ti emana uma aura pulsante, constante, letárgica. Em ti aposto minha esperança, oh pulsão de morte!
Dominadora do universo, guia da dispersão, tens assegurada a vitória final.”

sábado, 14 de novembro de 2009

O que é Escrever? Que Implicações tem este Gesto?

Por: Lu May


É estranho chamar de delicado aquilo que nos angustia. A arte, seja ela qual for, é de alguma forma, uma obra de angústia. É um processo criativo ligado ao inconsciente.


Existe um desejo que está presente em toda produção, está inclusive em nossa fala, em todos os versos possíveis. Então, escrever ou fazer arte é falar em nome do desejo movido pelas pulsões; é, sem dúvida, falar de vida e morte (princípio de prazer versus princípio de realidade).


A produção artística tem uma força (drag) que faz a simbolização e traz para a realidade a subjetividade do sujeito. É uma força voraz de significantes – uma vez instituída a linguagem, o sujeito não pára mais. A rede de associações significantes vai circulando infinitamente envolta do buraco faltoso. E não sabemos para onde isso vai nos levar.


Existe algo (que podemos dizer – um algo a mais nas escrituras)... Figuras que o sujeito oculta e revela simultaneamente – os mitos da estrutura do sujeito. A escritura não se faz por si só. Ao tomarmos a obra de algum autor, logo casamos com sua vida. Impossível tomá-la em separado.


Todos nós fazemos ficção, todos nós marcamos a vida com escrituras... A vida de qualquer sujeito daria um livro – escrever é fazer mitos e é representar esses mitos. Escrever é uma tragédia! Quem tem vivência, tem material e esse material tem um sentido. A fala é uma escritura (a escritura é uma fala) com sentido representativo que tenta dar conta do real...

O Louco


Por: Luciana Valquíria Kremin Mai


No Tarô de Marselha, a carta “O Louco”, é marcada pela ausência de numeração, para significar que está à margem de qualquer ordem ou sistema. As alegorias da figura mostram um homem de costas, caminhando com um bastão na mão e segurando no ombro um pau em cuja extremidade há uma sacola – simbologia comum para ilustrar um viajante, retirante – alguém que parte para o mundo desprovido de posses, ou ainda, sem lugar para ficar no mundo. O traje do Louco é de várias cores que se organizam de forma incoerente. Lembra um bufão, figura que fazia a caricatura da corte, de reis e senhores. O Louco lembra um homem solitário e errante que atravessa os campos, sendo agredido por um animal, pois ele não se preocupa com os perigos do caminho porque se sabe invulnerável e imortal, por isso mesmo exposto a todo tipo de faltas.

A representação mística desta carta fala de incoerências, impulsividade e ausência de racionalidade, perda do livre-arbítrio, passividade, inconsciência, perigo de se isolar da sociedade, entre outros auspícios, digamos, negativos, sob um ponto de vista do senso comum. Mas, três características fecham os desígnios do Louco: instinto ativo; irracionalidade e caos.

Na Renascença viu-se surgir uma nova e estranha figura ao longo dos canais flamengos e dos rios da Renânia: a Nau dos Loucos, como ilustrou Hyeronimus Boch. Já por aquela época, os loucos tinham uma existência errante. Escorraçados das grandes cidades, expulsos de suas fortificações e condenados à peregrinação, foi-se firmando o costume de confiá-los, também, aos barqueiros. Desta prática surgia a certeza de que os insanos iriam para longe o quê – nas palavras de Foucault – “os tornava prisioneiros de sua própria partida”. É o mesmo autor quem assinala o caráter simbó1ico da atitude: "A navegação entrega o homem à incerteza da sorte; nela, cada um é confiado ao seu próprio destino; todo embarque é, potencialmente, o último. É para outro mundo que parte o louco em sua barca louca; é do outro mundo que ele chega quando desembarca"[1].

A loucura, a partir do século XVI, passa a ser vista como o oposto da razão – loucura como sinônimo de irracionalidade. O Louco ultrapassou a loucura, no sentido estrito de uma preocupação ligada ao imaginário da renascença, para tornar-se um problema sócio-político-cultural e econômico. Ele passou a ser um transgressor da norma e, consequentemente, uma fonte de problemas, ligado ao coletivo/social, que presa pela moral e os bons costumes. Portanto, os loucos eram todos aqueles que, de alguma forma, transgrediam as leis da sociedade civil – vagabundos, prostitutas, agitadores, pobres, mendigos, criminosos – tratados de maneira uniforme. No mais, eram sempre aqueles que estavam a margem de um padrão considerado normal.

A partir do século XVII, a loucura perpassa por uma classificação de ordem médica, uma espécie de higienização dos costumes. O louco começa a dialogar com o médico, mas a dinâmica da exclusão ainda encontra-se presente, pois é sempre uma classificação por conta dos opostos normal/anormal, razão/desrazão. Novas práticas suscitam uma relação de cura – a loucura é uma doença que pode ser tratada, o louco é um doente que deve ser curado para poder integrar-se e cumprir seu dever de individuo, numa sociedade trabalhadora e produtora de normas.

A exclusão do diferente permeia os discursos no modo como a loucura é vista nas diferentes épocas, seja o louco um personagem da caridade religiosa ou do tipo ocioso e perturbador da ordem ou ainda, um indivíduo doente que perturba a sociedade e é incapaz de integrar-se a ela e produzir, além de representar um perigo social. É a partir desta nova sensibilidade em relação à loucura que nasce a idéia de reclusão – as casas de internação ligadas à ciência da medicina, que no século XVIII desponta e então classifica, emergindo assim, a relação da loucura com a medicina.

Iniciamos com uma pequena ilustração histórica da loucura para, agora, nos questionarmos: O que é normal? O que é patológico? A partir de dois materiais ilustrativos, um de origem literária e outro do cinema – O Alienista, de Machado de Assis e o filme Estamira, de Marcos Prado – produziremos algumas considerações. Pensemos sobre as histórias dos personagens, até onde eles nos levam e o que querem? O que é a psicopatologia? E o que é a Psicopatologia Fundamental?

De acordo com o texto de Manoel Tosta Berlinck, “O que é Psicopatologia Fundamental”, podemos nos referir, ao sofrimento do corpo e ao sofrimento da alma. “(...) Phatos não nasce no corpo, pois vem de longe e de fora. Mas passa necessariamente pelo corpo, ele brota no corpo e rege as ações humanas.” Phatos é relativo à paixão, passividade, sofrimento, passível de tirar proveito para que se transforme em experiência – um discurso sobre o sofrimento, tornando-se patológico como entendimento terapêutico. A Psicopatologia Fundamental é uma posição – uma posição de escuta do Phatos, lugar de transformação do Discursus em experiência terapêutica, ou seja, ouvir a ficção e dar conta da arqueologia do sujeito. Enquanto isso podemos entender a Psicopatologia Geral tão somente como uma classificação das morbidades de um indivíduo, com um discurso voltado às doenças, um logos que prima pelo sentido pragmático e eficaz, na luta para manter uma normalidade hegemônica e herdeira do positivismo, mas nem por isso as duas posições psicopatológicas deixem de se visitarem e relativamente se respeitarem.

Em Estamira, vemos a história de uma senhora que trabalha em um aterro sanitário no Rio de Janeiro. Ela tem 63 anos e foi diagnosticada como esquizofrênica. Estamira nos traz a sua verdade, a sua loucura, o seu Phatos. Logo, nos amparamos não menos do que em Machado de Assis e o seu Alienista. São dois discursos permeados por aquilo que nos assusta, por aquilo que Michel Foucault melhor tematizou – a arqueologia da loucura.

Num primeiro momento queremos dissecar duas palavras. Aliénus, que do latim significa pertencente a outrem, de outrem, em conexão com o grego torna-se allótrios que significa afastar, tornar estrangeiro. De acordo com o Dicionário Houaiss, ALIENADO é que ou aquele que sofre de alienação mental; louco, maluco, doido. E ainda, que ou aquele que sofre de alienação, que vive sem conhecer ou compreender os fatores sociais, políticos e culturais que o condicionam e os impulsos íntimos que o levam a agir da maneira que age. E por último, que ou aquele que, voluntariamente ou não, se mantém distanciado das realidades que o cercam; alheado. Logo, ALIENISTA é o médico especialista em doenças mentais e que diz respeito ao tratamento dos alienados mentais.

A outra palavra é ESTAMIRA. Bem, Estamira é o nome da personagem do filme, não tem uma etimologia, pois que é única: “Eu sou Estamira”. Mas queremos, apenas a título de associação pessoal, dizer que o nome Estamira nos remete à palavra ESTAMINA, que no dicionário Houaiss, significa “capacidade vital de resistência, especialmente, a manutenção por longo tempo de uma atividade ou esforço”. Estamina é uma substância produzida pelo organismo capaz de gerar resistência física. Eis, então o que nos faz, realmente, pensar em Estamira como alguém capaz de gerar capacidade vital, frente a tantas adversidades da vida. Vemos Estamira como uma sobrevivente...

Vamos procurar algumas peculiaridades nas personagens Estamira e Alienista (citarei sempre a personagem de Machado de Assis como Alienista; refutamos o nome de Simão Bacamarte). Ambos nos oferecem um estatuto da verdade.

Em Estamira, vemos o saber religioso – o delírio místico de falar/manter contato com um ser que possui um controle remoto sobre todos os seres e que a escolheu, por assim dizer, como a transmissora da verdade. Em suas palavras: “A minha missão, além de ser Estamira, é mostrar a verdade, capturar a mentira e tacar na cara”. Estamira é o testemunho de uma condição e da condição de outros homens.

No Alienista, também encontramos o estatuto da verdade – uma condição de saber, por hora, um saber da ciência que o escolheu, ou que ele escolheu – um suposto saber, governado pela razão, mas que, no entanto, passará de Alienista para alienado. Vejamos suas palavras: “A saúde da alma, é a ocupação mais digna do médico”. Segue o narrador: “A ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas”. O nosso médico, mergulha, inteiramente, no estudo e na prática da medicina.

É digno de nota que, a ficção do Alienista, é uma crítica à ciência da época de Machado de Assis e, claro, permanece contemporânea. No seu conto, encontramos todas as referências ao movimento antipsiquiátrico, a classificação das patologias e a higienização dos costumes sociais, o que nos faz pensar numa associação ao texto lacaniano A Ciência e a Verdade. No entanto, por mais que nos sentimos tentados, o rumo dessa “prosa”, deveras, será outro.

Voltemos à Estamira. O mais provável, é imaginar Estamira, dentro do conto machadiano, sendo avaliada pelo Alienista e encaminhada imediatamente à “casa verde”. Mas, o Alienista transforma-se numa Estamira “moderada”. E, porque o médico passa a ser o Louco? Excessos! Tanto um quanto o outro, transbordam e passam a interagir com discursos delirantes, que sustentam verdades – a verdade de cada um.

O excesso é um critério para a maneira de ser, portanto, será sempre em relação a uma ordem de normalidade que, digamos, regula a diversidade. A palavra norma está na origem do termo normal, que significa “esquadro”.

Aparentemente, se quiséssemos classificar Estamira numa nosografia psiquiátrica e, ainda, o próprio Alienista, que realmente o fez a si próprio, quando se recolheu à “casa verde”, poderíamos ler os seus sintomas e procurá-los nos manuais de transtornos mentais e classificar, ambos, como esquizofrênicos ou algo do gênero – uma estrutura psicótica – pois, a relação deles com os outros e com o mundo que os rodeia, é delirante. Mas, essa leitura, nos coloca numa posição de observador enraizado numa cultura que reconhece a realidade e o valor da doença como relação de normal/anormal, saúde/doença. Mas, também, poderíamos embarcar na Nau de Estamira e do Alienista e, juntos, contradizermos o mundo, e dizê-lo delirante, pois só nós sabemos a verdade do indizível – e, nesse “trocadilho”, solicitarmos um controle remoto para parar tudo, pois, segundo Estamira, “o trocadilho faz as pessoas viverem na ilusão, e acreditar em coisas que não existem”. É aqui que damos ouvidos à Psicanálise e à Psicopatologia Fundamental, para que possamos ouvir o testemunho de nossa protagonista Estamira, diante das violências que sofreu, mas, sobretudo, da vitalidade e poder de criação, para suportá-las. Eis o poder da palavra.

Na renascença, os loucos foram levados por barqueiros a terras distantes, para bem longe da sociedade. Para Estamira, o aterro sanitário – a sua “terra distante” – transformou-se num refúgio, longe da cidade, mas muito próximo de seus resíduos...

A legenda que aparece escrita no quadro de Boch diz, Meester snyt die Keye ras, myne name is lubbert das, que significa Mestre, extrai-me a pedra, meu nome é Lubber Das. Lubber Das era um personagem satirico da literatura holandesa que representava a estupidez.



Algumas questões que nos nortearam e que podem, sempre, suscitar produções e interlocuções:

O que é a loucura?
O que é o normal?
O que é a psicopatologia?
O que é a psicopatologia fundamental?
Quem é estamira?
Quem é o alienista?
Quem somos nós?

[1] Michel Foucault – História da Loucura. SP: Ed. Perpectiva; 1972. (p. 10 – 12)

A Depressão na Literatura

(Anjo da Melancolia I - Albrecht Dürer - 1471-1528)

Por: Gonzalo Penalvo Rohleder


O termo depressão utilizado na atualidade remete-nos à antiga “patologia dos humores tristes”, citada desde a Grécia como “Melancolia”. Nessa época filosofia e tragédia andavam próximas. Para uma melhor compreensão de suas emoções, os gregos deslocaram-na para seus heróis e deuses. Homero descreve na Ilíada os sofrimentos do herói Belerofonte, condenado a vagar na solidão e desespero.

A melancolia fez-se presente desde os escritos filosóficos de Aristóteles aos textos de Hipócrates. “A melancolia, sintetizou o “pai da medicina”, é a perda do amor pela vida, uma situação na qual a pessoa aspira à morte como se fosse uma bênção.” (Scliar, 2003, p.70)

Enquanto Hipócrates a considerava doença (bílis negra), Aristóteles a relacionou entre a genialidade e a loucura. Associou a melancolia à criatividade: o homem triste é também um homem profundo. O melancólico seria, para ele, excepcional por natureza, não por doença.

São concepções contrárias que marcaram o pensamento ocidental e fundamentam o antagonismo presente ainda nos dias de hoje.

Mesmo na bíblia, podemos encontrar referências à melancolia. Temos “As aflições e paciência de Jó”, passagem bíblica que relata as angústias de um homem fiel a Deus ante todo tipo de provação. Sentado sete dias e sete noites, com amigos que vieram em seu auxílio, Jó passou a falar de suas tristezas:

Pereça o dia em que nasci

e a noite em que se disse:

Foi concebido um homem!

...

Por que não morri em minha mãe?
Por que se concebe luz ao miserável

e vida aos amargurados de ânimo,

que esperam a morte, e ela não vem?
Pois agora eu estaria deitado e quieto;
Teria dormido e estaria em repouso.

(onde se percebe uma transposição da máxima suicida que declara “Queria nunca ter nascido”.)

A passagem acima nos remete ainda à idéia de pulsão de morte. Vemos um sujeito que em seu sofrimento busca radicalmente na morte o alívio, a tranqüilidade e a paz. De certa forma, quisera poder dissolver-se em seu objeto primário de satisfação, a mãe.
Jó caminha pela negação de sua existência, maldiz o nascimento, lamenta e deseja a morte. “Deus, tu me lançaste na lama, e me tornei semelhante ao pó e à cinza”.

Na Renascença, seguindo os ideais de Aristóteles, a arte e a intelectualidade mostraram-se permeadas pela melancolia. Esta, sendo apreciada por seu teor erudito, fez-se muito presente no barroco.

Através do romantismo podemos fazer uma breve associação entre a depressão (melancolia) e sua influência na literatura. O movimento surgiu nas últimas décadas do século XVIII, na Europa. Manifestou oposição ao racionalismo vigente, com uma visão de mundo mais centrada no indivíduo e na subjetividade. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo (fuga da realidade).

Uma temática envolvendo pessimismo e morte também pode ser encontrada em autores como Byron, Goethe, Álvares de Azevedo, entre outros.

Para Manoel Berlinck e Pierre Fédida, no romantismo não é feito o luto da perda. “É assim na alma dos românticos, cultores do vazio da depressão por meio de atividades que visam sempre o encontro de um objeto de satisfação. Perambulam pelas cidades, bares, lugares habitados por outros, que expressam uma incessante agitação, porém, animados por um persistente vazio.”

O paraibano Augusto dos Anjos pode ser um exemplo mais próximo. Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa").

O romancista sempre revela algo de si nos personagens, e às vezes autor e obra se confundem. Foi o caso, por exemplo, de Virgínia Woolf, escritora britânica, autora de "Orlando" e "Ondas", que se suicidou por afogamento após uma crise de depressão, ou de Sylvia Plath, poeta norte-americana, que se matou intoxicada com o gás de cozinha. Na pintura, Van Gogh cortou a própria orelha e se matou com um tiro.

Logicamente, há autores que mantiveram certa distância entre a realidade e a ficção. É o caso, por exemplo, de Graciliano Ramos, autor de "Angústia", "Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere", apenas para citar algumas.
Na filosofia, percebemos a herança pessimista legada a Nietzsche por Schopenhauer, o qual afirma-se ter sofrido de “depressão nervosa”. Para o segundo, o prazer é resumido como breve instante de alívio da dor. Todo prazer seria ponto de partida de novas aspirações, sempre frustradas e sempre procurando realização. Uma cadeia regida pelo desejo onde “viver é sofrer”.

Em 1994, Elizabeth Wurtzel lançou sua autobiografia “Geração Prozac: Jovem e deprimida na América”. No livro ela conta como era sua vida quando foi diagnosticada com depressão nervosa, de como era ao que se tornou devido ao uso de medicamentos, no caso, o Prozac.

Na mesma época, Susanna Kaysen lançava sua também autobiografia, “Moça, interrompida”. No livro ela conta uma fase de sua vida em que tentou suicídio e foi internada em uma clínica psiquiátrica. Seu diagnóstico: Transtorno de Personalidade Limítrofe (borderline personality disorder).

Foi Adolf Meyer que favoreceu a substituição do termo melancolia por depressão, já que o primeiro fazia apelo a um estado do romantismo muito presente na literatura e inadequado a ciência psiquiátrica, que estava em pleno desenvolvimento.

Esses são apenas alguns exemplos, dentre inúmeros, da ligação entre a literatura e as doenças comportamentais como a depressão.

“Ninguém atinge a aurora sem passar pela noite”. - K. Gibran -

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

LIGAÇÕES PERIGOSAS: Medéia e Creusa X Sra. K e Dora e ainda Freud e Fliess.

(Creusa e os Filhos de Medéia quando da entrega do presente envenenado)

No Caso Clínico de Dora encontramos no texto os nomes Medéia e Creusa, de forma, digamos, estranha, pois, Freud insere esse fragmento mitológico sem dar nenhuma referência, a ponto de supormos um possível erro da edição brasileira (o que é bem provável, embora os indícios sejam outros).

Creusa faz parte da mitologia Grega e aparece na tragédia Medéia (gr. ΜΗΔΕΙΑ), uma das mais conhecidas obras-primas de Eurípides. Na tragédia que conta a história de Medéia e Jasão, os laços de amizade unem Creusa e Medeia numa trama de vingança. Resumidamente: “Creusa (filha de Creonte, rei de Corinto) casou-se com Jasão, depois que este se divorciou de Medéia Medéia fingiu fazer as pazes com Creusa, buscando vingar-se. Mandou que seus filhos entregassem à princesa uma túnica e um diadema impregnados de veneno. Quando Creusa colocou os adornos, sua pele começou a pegar fogo e decompor-se. O rei Creonte, vendo sua filha pedir socorro, tentou tirar-lhe os adornos, mas seu veneno era tão forte que acabou matando os dois. Medéia teve um acesso de loucura e matou também seus próprios filhos, para se vingar de Jasão.” (retirado da Wikipedia).

Agora, se especularmos além, podemos encontrar fatos mais curiosos ainda e, melhor, sobre o Dr. Freud e seu amigo/confidente Fliess. No livro “O Livro de Ouro da Psicanálise” (Manuel da Costa Pinto[org.], Ediouro, 2007) algumas referências:

“Freud, ainda sob o domínio de sua própria transferência sobre Fliess, não pôde superá-la durante o tratamento de Ida [nome verdadeiro de Dora]. Ele confidenciou a Fliess, a propósito de seu texto, que era “o mais sutil que havia escrito”. Este caso clínico seria para Freud uma oportunidade de reencontrar a afeição de Fliess? Seu texto assemelha-se a uma mensagem, em que tentaria persuadir o antigo confidente de que descobrira critérios objetivos, chaves para ler o pensamento do outro. Além disso, Ida era o primeiro nome da mulher de Fliess. Em 1900, Freud estava convencido de que ela, com ciúme da relação entre Sigmund e Wilhelm, fizera tudo para distanciá-los. O ‘Caso Dora’ não seria seu último apelo àquele que o abandonara?

Em seu estudo do caso Dora, Freud se refere à tragédia grega ‘Medéia’, de Eurípides: “Quando Dora [Ida] se hospedava na casa dos K. [os Zellenka], ela compartilhava o quarto de Sra. K. [Peppina]; o marido fora desalojado. Dora tornara-se confidente e conselheira da jovem esposa nas dificuldades de sua vida matrimonial; elas falavam sobre tudo. Medéia gostou que Creusa tivesse cativado as duas crianças. Sra. K. certamente não fez nada para perturbar as relações do pai de seus filhos com a mulher.”

Supomos que a Sra. K. era Medéia que se dedicava com devoção aos filhos do casal e Dora era Creusa. O que Freud estava dizendo com esta referência literária? Em alemão, “tosão de ouro” se diz ‘Goldenes Vliess’ e ‘Vliess’ tem a mesma pronúncia de ‘Fliess’: o elo se impõe ao leitor alemão (...).

Após essa explicação é feita uma relação entre a tragédia grega e Freud-Fliess. “Ida Fliess seria Medéia, feiticeira pela qual Freud nutre, em 1900, ressentimento, já que ela o teria afastado de seu amigo, seu ‘Jasão’.”

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Para saber mais sobre os Gregos:
PORTAL GRECIA ANTIGA – www.greciantiga.org

*Texto/Pesquisa: Mateus Baldissera
*Revisão/Pesquisa: Luciana Mai

domingo, 5 de julho de 2009

Obsessão Norte Americana pela “Personalidade Múltipla”: as querelas do inconsciente

"A extração da Pedra da Loucura - Hieronymus Bosch"
Por: Luciana Mai
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A síndrome da “personalidade múltipla” teve uma ampliação considerável nos Estados Unidos à medida que o DSM III e IV adotava uma nomenclatura da qual desaparecera a nosologia Freud-bleuriana – abandono da teoria da sedução e “descoberta” da teoria da fantasia. Os “estudiosos” estadunidenses lidavam com o conceito de inconsciente como algo dissociado, como se fosse um campo a mais na mente humana.

O fenômeno da “personalidade múltipla” foi definido como um distúrbio da identidade, tal conceito desenvolveu-se no século XIX e desaparece por volta de 1910. No entanto, posteriormente, descrita por Henri F. Ellenberger, essa síndrome deu margem a inúmeros relatos literários. No plano clínico, traduziu-se pela coexistência, num mesmo sujeito, de uma ou mais personalidades separadas umas das outras, e cada uma das quais podia assumir alternadamente o controle das demais.

A partir de 1986, estimou-se em 6.000 o número de pacientes afetados por essa síndrome. Em 1992, considerou-se que uma em cada vinte pessoas sofria desse mesmo distúrbio, a tal ponto que, em todas as cidades norte-americanas, clínicas se especializaram no tratamento da nova epidemia.

A obsessão Norte Americana não para por aqui, os tribunais estadunidenses andavam cheios de casos, assim como os psiquiatras e psicólogos, diga-se de passagem, que, praticamente, todos trabalhavam numa proposta antifreudiana – uma espécie de intifada Norte Americana contra Freud.

Em 1989 com a ajuda do DSM, diagnosticou-se uma mulher com “distúrbio de personalidade múltipla”. Quando foi sexualmente agredida por um homem e levou o caso aos tribunais, o promotor sustentou que a mulher tinha 21 personalidades, nenhuma das quais havia consentido em manter relações sexuais. Os juristas e os psiquiatras puseram-se então a discutir se as diferentes personalidades dessa mulher seriam capazes de depor sob juramento e se cada uma delas tinha ou não suas próprias aventuras sexuais. Em 1990, o homem foi julgado culpado, pois três das personalidades da vítima depuseram contra ele. Após uma contra-perícia, entre tanto, realizou-se um novo julgamento. Alguns psiquiatras afirmaram, na verdade, que a mulher tinha 46 personalidades, e não 21. Assim, era preciso saber se essas novas personalidades também prestariam depoimento no processo...

Casos como esse tornaram-se freqüentes nos EUA. Eles mostram com clareza a que fanatismo pode levar a idéia de que todo ato sexual é em si um pecado, um estupro, um trauma, e de que todo inconsciente é uma instancia dissociada, sem dar margem alguma a subjetividade.

sábado, 13 de junho de 2009

Soma - uma terapia anarquista (FILME).


SINOPSE DO FILME SOMA:


Cego em razão da tortura, e com grande dificuldade para andar, Roberto Freire, 75 anos, continua seu trabalho dentro de um pequeno coletivo de terapeutas anarquista no Brasil. A maior parte dos ativistas centraliza sua luta contra o autoritarismo na dominação física e destruição de lugares e pessoas, enquanto a Soma atenta-se aos efeitos psicológicos do mesmo.


Para ajudar a si mesmo, e a outros ativistas que foram torturados pela ditadura militar nos anos 60, Freire criou a terapia (corporal) Soma, incorporando os conhecimentos de Wilhelm Reich, a Capoeira Angola e o Anarquismo. Durante os últimos 30 anos, diversos grupos compostos por 10 a 20 pessoas completaram o processo terapêutico de 1 ano e meio. Alguns dos participantes deram continuidade ao processo até se tornarem terapeutas.


Wilhelm Reich foi um psicanalista discípulo de Freud e banido da sociedade de psicanálise. Ele acreditava que as pessoas assimilam as neuroses através dos modelos autoritários dentro das famílias, das escolas e no trabalho. Embora suas idéias de bioenergia e terapia em grupo tenham se espalhado por todo o mundo, apenas os grupos brasileiros da terapia Soma se voltaram para a política.


Capoeira é uma manifestação cultural brasileira em forma de luta, que os escravos disfarçavam em dança. Angola é a forma tradicional de capoeira africana. Através da capoeira os escravos lutavam pela liberdade praticando movimentos ágeis que os ajudavam a escapar do cativeiro. A Capoeira Angola possui diversos elementos que os somaterapeutas acreditam faltar na terapia tradicional: participação em grupo, música, espontaneidade, colaboração, esperteza, brincadeira e o chute ocasional.


Muitos ativistas brasileiros acreditam que a Soma foge à proposta anarquista, pois a luta contra os efeitos psicológicos é uma forma de privilégio. Os ativistas defendem que os anarquistas deveriam ocupar mais tempo combatendo o autoritarismo nas ruas. Apesar de muitos participantes da Soma serem ativistas, eles estão igualmente interessados em explorar o lado psicológico da ação.

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(Formato: divx)
(Áudio em inglês e português (algumas pessoas falam em português, a maioria em inglês).
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2º OPÇÃO:

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Atenção:

Antes de fazer o download do filme você terá que ter o BitTorrents ou o UTorrents . Abaixe o programa e abaixe o filme.
Para fazer download dos Torrents, basta clicar com o botão esquerdo do mouse em cima da figura de Download e selecionar a opção "Salvar Destino como..." !

Boa Diversão!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Somaterapia - Uma Terapia Anarquista


Você sabe o que é essa viagem de Somaterapia? Então se liga, quem sabe sabe quem não sabe nunca vai saber. Procurando traças na net acabei encontrando essa traça aqui. Na verdade, eu sou a traça e o que encontrei foi o troço, então, devorei. Devora também. O conhecimento "absurdo" (cult, underground, sei lá) é uma ferramenta para nos libertarmos da cultura que aliena. Aquilo que o Grandessíssimo Outro nós oferece como feijão e arroz do cotidiano surdo e mudo. Crie alternativas, pense, questione, transforme, desconstrua, mas não vira um chato revolucionário ultrajovem esquerdista burocrático fanático. Ou ainda, não se transforme num misantropo sidartiano e macrobiótico. Fica no meio. Nem pense que o mundo vai mudar. Ele só se transforma. O Resto é pura pílula da felicidade com misturas psíquicas movidas pela pulsão.
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- A Peste -


A Soma - uma terapia anarquista:


Somaterapia ou SOMA é uma terapia corporal e em grupo criada no Brasil pelo escritor e terapeuta Roberto Freire. Está baseada na teoria de Wilhelm Reich, discípulo dissidente de Freud e no Anarquismo. A Soma entende o conflito neurótico - que gera conflitos e depedências - a partir das relações de poder presentes em vários níveis da sociedade. Assim, o anarquismo com ética filosófica procura permear a metodologia da Soma, permitindo a identificação do autoritarismo nas relações inter-pessoais. Além da teoria reichiana, a Soma também adota o aqui-e-agora da Gestalt-terapia e as descobertas sobre a pragmática da comunicação humana presente nos estudos da Antipsiquiatria, especialmente o conceito de Duplo-Vínculo e sua implicação nas relações afetivas.
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Foi no início da década de 1990 que a Soma introduziu definitivamente a capoeira angola em sua metodologia. A proposta surgiu da necessidade de um trabalho corporal que pudesse ser feito pelos membros dos grupos ao longo do processo terapêutico, em paralelo às sessões de terapia e que funcionasse como um exercício bioenergético complementar aos exercícios de Soma. A utilização da capoeira, que pareceu ser a mais completa mobilidade corporal, além de uma eficiente mobilização energética que ela produzia, traz também o aspecto da luta embutida em sua prática, o que possibilita perceber como se dá do ponto de vista corporal, os enfrentamentos que seus praticantes demonstram ter e as conseqüentes relações com sua vida emocional.
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O processo terapêutico da Soma dura em torno de um ano e são realizadas quatro sessões de terapia por mês, compostas de exercícios corporais e dinâmicas de grupo autogestionárias, buscando identificar os mecanismos de poder presentes nas relações sociais travadas entre os membros do grupo e sua relação no cotidiano das pessoas. Temas como singularidade, autoregulação, corpo, autoritarismos x liberdade, prazer são alguns exemplos onde a terapia centra sua ação.
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Seguindo esta perspectiva, para a Soma, as relações humanas atravessadas por malhas e conflitos políticos que estendem-se pelas várias esferas da sociedade, são capazes de produzir sérias implicações à subjetividade das pessoas. Uma destas implicações reside notadamente nos efeitos emocionais e corporais que elas tendem a causar. A partir da perspectiva do ex-psicanalista Wilhelm Reich, corpo e emoção estão intimamente relacionados, não podendo ser pensados separadamente. O corpo cronifica e materializa o autoritarismo que recebemos e praticamos. Reich mostrou a neurose como fenômeno que atinge indivíduo e sociedade e afirmou que seu locus não é a mente, mas todo o corpo (incluindo a mente) e o conseqüente desequilíbrio de sua energia vital.
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A Somaterapia propõe-se a refletir sobre a ética em vigor, que entende o outro dentro de uma ótica instrumental de uso e apropriação. Tais questões, que poderíamos pensar a partir de uma observação filosófica, também extrapolam para limiares políticos e ideológicos das práticas de convivência humana. Enfim, a Soma se coloca como uma terapia libertária, onde o comportamento humano é estudado a partir da forma como as pessoas vivem suas relações sociais. E busca criar um tipo de terapia onde a análise dos conflitos emocionais ocorra junto com o estudo de como as pessoas vivem sua relações cotidianas.
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Atualmente, a Soma é praticada no Brasil e na Europa pelo Coletivo Anarquista Brancaleone, que reúne os somaterapeutas em atividade e em formação, sob a supervisão de Roberto Freire. No Brasil, há grupos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre. Na Europa, são desenvolvidos grupos em Londres, Lisboa, Barcelona e Madrid.
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Breve História da Soma


O nascimento da Soma se deu, sobretudo, no período do regime político instaurado no Brasil em 1964. A juventude militante que lutava contra a ditadura não dispunha de um método terapêutico em que pudesse confiar, politicamente, no atendimento dos desequilíbrios emocionais e psicológicos provocados em suas vidas pela rejeição e repressão autoritárias das famílias burguesas, ligadas à repressão dos militares e políticos fascistas.
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Durante muitos anos, depois de 68, Freire fez atendimento clandestino aos militantes clandestinos e foi nesses momentos que a Soma descobriu e confirmou na prática seus fundamentos teóricos e políticos, bem como encontrou a força motivadora para uma ação verdadeiramente revolucionária. Mais tarde, ele pode trabalhar legalmente e transformá-la também numa fonte de finanças para a manutenção das famílias de militantes clandestinos ou vitimadas por fuga, prisão ou morte.
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Foi fundamental o encontro e a convivência de Freire e da Soma recém-nascida com os criadores e os freqüentadores do Centro de Estudos Macunaíma, em São Paulo. Esse Centro, no tempo em que funcionava na casa de Mário de Andrade, na rua Lopes Chaves, Barra Funda (hoje Museu Mário de Andrade), durante a década de 70, era dirigido por Myriam Muniz e por Sylvio Zilber. Recebia inspiração e orientação do pintor, cenógrafo e arquiteto Flávio Império. Roberto Freire juntou-se a eles antes mesmo de morarem juntos e a trabalhar, criando ali quase toda a metodologia da Soma.
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Coletivo Anarquista Brancaleone


Trata-se de um Coletivo Libertário criado em 1991, formado pelos somaterapeutas em atividade e em formação. Sua principal função é a de desenvolver e praticar a Somaterapia, privilegiando o trabalho em autogestão e a ética libertária. Em todos esses anos de trabalho autogestivo, o Brancaleone sempre procurou reafirmar sua postura radicalmente anarquista, no que atualmente é definido como o Anarquismo Somático, onde o prazer se torna referencial ético na construção da autonomia do indivíduo. As atividades do Coletivo Brancaleone além dos grupos de Soma, se estendem também para a publicação de livros, cursos, palestras entre outros ações. Em 2006, foi criado um curso de Extensão Universitária "Introdução à Somaterapia" na UERJ, no Rio de Janeiro, levando a Soma para as salas de aula desta instituição. A entrada na Universidade, à convite do Departamento de Psiquiatria da UERJ, é um importante reconhecimento acadêmico da Soma e sua história na Psicologia brasileira.
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Atualmente é composto pelos somaterapeutas João da Mata, Jorge Goia, Vera Schroeder e pelo assistente em formação Stéfanis Caiaffo. Durantes os últimos vinte anos de atividade, os somaterapeutas estiveram trabalhando e desenvolvendo a Soma sob a supervisão de Roberto Freire. Em maio de 2008, Freire faleceu e o Coletivo Brancaleone segue desenvolvendo a Soma e o legado de seu criador.
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O Coletivo Brancaleone desenvolve grupos de SOMA no Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre. Também em Lisboa, Barcelona, Madrid e Londres, com os somaterapeutas João da Mata e Jorge Goia.
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Referências:

- SOMA, Vol 1 - A alma é o Corpo. São Paulo: Francis, FREIRE, Roberto.
- SOMA, Vol 2 - A Arma é o Corpo. São Paulo: Francis, FREIRE, Roberto.
- SOMA, Vol 3 - Corpo a Corpo. São Paulo: Francis, FREIRE, Roberto; MATA, João da.
- O Tesão pela vida. 1. ed. São Paulo: Francis, 2006 FREIRE, Roberto; MATA, João da; GOIA, J. ; SCHROEDER, Vera.
- Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu! São Paulo: Francis, FREIRE, Roberto.
- A Liberdade do Corpo – Soma, Capoeira Angola e Anarquismo. São Paulo: Imaginário. MATA João da.




Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Somaterapia"

quinta-feira, 28 de maio de 2009

CLÁSSICOS CABEÇA APRESENTA:


WATCHMEN - O LADO PODRE.

QUANDO: 30 de Maio

HORA: 14h

ONDE: No SINPRO

Com Professor Larry Visnievyski no Papo cabeça.

CABEÇAS VÃO ROLAR NÃO PERCA A SUA

Bulimia: História e Etimologia


Ao longo da história o significado da palavra bulimia tem seguido diferentes trajetórias.Brenda Parry-Jones em seu trabalho de revisão sobre a terminologia histórica dos transtornos alimentares refere que o termo "bulimia" remonta a antiga Grécia, a palavra derivaria do termo grego"bous", boi e "limos" , fome. Durante o período medieval e moderno tem servido para designar episódios de "voracidade insaciável", "mórbido", com um "apetite canino", como ou sem a presença de vômitos e acompanhado de outros sintomas.
Stunkard em 1990 realizou uma revisão histórica do conceito de bulimia, e destacou, como em 1743 James descreveu no Dicionário Médico da Universidade de Londres, um quadro clinico que denomina "True Boulimus" (verdadeira bulimia, em uma tradução livre), caracterizado por intensa preocupação com a comida, e pela ingestão voraz em um curto espaço de tempo, seguidos de períodos de jejum, e destacou uma segunda variante "Caninus Appetitus" aonde os episódios de voracidade são seguidos pelo comportamento compensatório de vomito.
Galeno descreveu a "Kinos orexia", ou fome canina como sinônimo de bulimia, considerando-a como conseqüência de um estado de animo anormal, posteriormente esta definição apareceu nos dicionários médicos dos séculos XVIII e XIX na forma de curiosidade médica.No século XIX Blanchez no Dicionário de Ciências Médicas de Paris (1869) também descreveu ambos os quadros.No final dos anos 70, foi descrita como a síndrome de atrações/purgações ou bulimarexia. A denominação bulimia apareceu pela primeira vez em 1980, finalmente em 1987 se adotou o tremo bulimia nervosa.
Vemos portanto que a bulimia não é um transtorno novo, já que aparece reconhecido há a séculos na literatura, mas até os finais dos anos 70 quando se diferencia como identidade psicológica independente. Russell em 1979 foi o primeiro a fazer uma descrição completa do quadro clinico, em estabelecer os primeiros critérios diagnósticos para este transtorno, e introduzir o termo "Bulimia Nervosa". Um ano mais tarde a American Psychiatric Association (APA) incluiu este transtorno no Manual Diagnóstico DSM-III(1980).
Russel em 1979 definiu 3 características fundamentais
- Os pacientes sofrem impulsos fortes e incontroláveis de comer em excesso
-Buscam evitar o aumento de peso, com vômitos e/ou abuso de laxantes ( ou outros medicamentos)
- Medo mórbido e engordar
Em 1983 Russel acrescentou outro critério diagnostico:
A exigência de um episódio anterior, manifesto ou critico de Anorexia Nervosa. Desde então se incluiu uma nova questão que continua sendo muito debatida na atualidade. A possível relação entre os diferentes distúrbios alimentares. Não é raro que um a paciente com anorexia nervosa evolucione, no futuro, para uma bulimia nervosa, existem autores que falam em um "continuum" entre ambos distúrbios. A partir deste momento, se promoveu amplamente a investigação dos distúrbios alimentares, o que permitiu uma melhor delimitação dos distintos quadros clínicos que hoje me dia são reconhecidos nas classificações atuais.

sábado, 21 de março de 2009

Abaixando Troços Importantes

Download do Livro: Vigiar e Punir – Michel Foucault:

É só correr pro Abraço – Abaixa pô:
http://www.4shared.com/account/file/16187587/c80dca4c/Michel_Foucault_-_Vigiar_e_Punir.html

http://www.fundamentalpsychopathology.org/art/mar0/13.pdf
Texto da Revista de Psicopatologia Fundamental.
Michel Foucault - Problematização do sujeito.
por:Chaim Samuel Katz

domingo, 8 de março de 2009

Não Conjecturarás em Vão


De repente aparece um louva-a-deus gigante e, logo, você acha que ele quer te comer – você fica numa angústia só. Daí a coisa fala contigo: “Oi, você sabe onde fica a loja da Daspu, qual a rua?” Ó puxa, que alívio! No mínimo você fica meio atordoado, confuso – um louva-adeus consumindo grife, bem, esse mundo tá perdido. Logo, a coisa deixou de ser coisa – ela siderou. No momento que a coisa começa a falar ela deixa de ser um monstro e passa a ser uma parte conhecida, ou reconhecida.

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O eu ideal é um andrajo que você mesmo criou, assim como na história da roupa do rei.

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O objeto mais valorizado na vida do camarada é a merda. Tá sempre reclamando e dizendo que a vida é uma merda, mas ele tá tão ligado à merda que toda vez que reclama, na verdade, proclama e valoriza a merda – já não pode mais viver sem ela.

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Sonhar com duas garrafas de leite não significa, necessariamente, as tetas da mamãe.

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O único que é feliz é o falo, basta endurecer e trazer a felicidade e, o melhor, brinca-se com ele e sem ele, esteja presente ou ausente.

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Essa é velha, mas vale a pena, denominei de Pacto Perverso:“Os alunos fazem de conta que estudam, os professores fazem de conta que dão aulas e a universidade faz de conta que forma”.

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Freud diz que o amor é um engodo. Na verdade, o amor é um engordo – depois que casa engorda.

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Psicanalistas são como prostitutas – viram, sempre, o objeto de algum sujeito.

sábado, 7 de março de 2009

O Alienista


Para quem quiser saber do Alienista, eis um pequeno resumo da obra e suas relações, no final do texto encontram-se os links que dão acesso ao livro digitalizado. Boa leitura! E não se esqueçam das palavras de Maomé:


“ Veneraveis são os dóidos, pois Alá lhes tirou o juízo para que não pecassem.”
- Machado de Assis -


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Machado de Assis

O Alienista é uma célebre obra literária do escritor brasileiro Machado de Assis. Para alguns especialistas, trata-se de uma novela, outros o consideram um conto. A maioria dos críticos porém, considera a obra um conto mais longo, por causa da sua estrutura narrativa.


Publicado em 1882, quando aparece incorporado ao volume Papéis Avulsos, havia sido publicado previamente em A Estação (Rio de Janeiro), de 15 de outubro de 1881 a 15 de março de 1882. É a base para o tipo de conto brasileiro que viria a seguir, assim como peça fundamental do Realismo. Para muitos, é considerado como o primeiro romance brasileiro do movimento realista. Uma frase dita por Machado de Assis: "Se você não é um homem, então, não têm palavras o suficiente para falar a respeito de outros homens..."


Análise da trama

Observa-se nesta obsessão do alienista em experimentar - e justificar todos os seus excessos como um benefício ao futuro da ciência - uma crítica machadiana ao cientificismo predominante no século XIX.


A obra também é um retrato irônico e cruel do sistema de internação psiquiátrica da época, muito semelhante a um presídio.


Trata-se de um grande médico, que busca reconhecer em que consiste a loucura, mas sendo mais objetivo, tenta desvendar esse grande enigma que o rodeia.


Resumo da trama

Zona de Spoilers: Se ainda não leu o livro, pare agora.


Simão Bacamarte é o protagonista, médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo da psiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Funda a Casa Verde, um hospício na vila de Itaguaí e abastece-o de cobaias humanas. Passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas; o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa etc. Costa, rapaz pródigo que dissipou seus bens em empréstimos infelizes, foi preso por mentecapto. A tia de Costa que intercedeu pelo sobrinho também foi trancafiada. O mesmo acontece com o poeta Martim Brito, amante das metáforas, internado por que se referiu ao Marquês de Pombal como o dragão aspérrimo do Nada. Nem D. Evarista, esposa do Alienista escapou: indecisa entre ir a uma festa com o colar de granada ou o de safira. O boticário,os inocentes aficcionados em enigmas e charadas, todos eram loucos. No começo a vila de Itaguaí aplaudiu a atuação do Alienista, mas os exageros de Simão Bacamarte ocasionaram um motim popular, a rebelião das canjicas, liderados pelo ambicioso barbeiro Porfírio. Porfírio acaba vitorioso, mas em seguida compreende a necessidade da Casa Verde e alia-se a Simão Bacamarte. Há uma intervenção militar e os revoltosos são trancafiados no hospício eo alienista recupera seu prestígio. Entretanto Simão Bacamarte chega á conclusão de que quatro quintos da população internada eram casos a repensar. Inverte o critério de reclusão psiquiátrico e recolhe a minoria: os simples, os leais, os desprendidos e os sinceros. O alienista contudo, imbuído de seu rigor científico percebe que os germes do desequilíbrio prosperam porque já estavam latentes em todos. Analisando bem, Bacamarte verifica que ele próprio é o único sadio e reto. Por isso o sábio internou-se no casarão da Casa Verde, onde morreu dezessete meses depois, apesar do boato de que ele seria o único louco de Itaguaí, recebeu honras póstumas.


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# E para quem quiser, um pouco mais, dê um chego no endereço abaixo que encontrará um ótimo texto: “Mania de saber: ironia e melancolia em O Alienista, de Machado de Assis”.
http://www.fundamentalpsychopathology.org/art/jun3/6.pdf .
Esse trabalho encontra-se na Revista LatinoAmericana de Psicopatologia Fundamental.

O que é Psicopatologia Fundamental:


Psicopatologia Fundamental é termo empregado, pela primeira vez, há mais de 30 anos, pelo Professor Doutor Pierre Fédida e seus associados, no âmbito da Université de Paris 7 - Denis Diderot onde, mais tarde, foi criado o Laboratoire de Psychopathologie Fondamentale et Psychanalyse, junto com um programa de Doutorado com este mesmo nome.


Psicopatologia deriva-se de três palavras gregas: psychê, que produziu psique, psiquismo, psíquico; pathos, que resultou em paixão, excesso, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento e logos, que resultou em lógica, discurso, narrativa. A psicopatologia seria, então, um discurso sobre o pathos, a paixão que se manifesta no psiquismo, ou seja, um discurso sobre o sofrimento psíquico.


No início do século XX, Karl Jaspers publicou Psicopatologia Geral visando descrever, de forma sistemática, as doenças mentais. Esse importante trabalho deu nome àquilo que muitos médicos faziam, principalmente na França, na Alemanha e na Inglaterra durante todo o século XIX e inaugurou uma rica tradição médica que se manifesta, até hoje, em Tratados de Psiquiatria e em Tratados de Psicopatologia Médica. Essa tradição, que muito contribui para a Psicopatologia Fundamental, está, entretanto, interessada na descrição a mais cuidadosa possível e na classificação das doenças mentais.


A Psicopatologia Fundamental, não dispensando os saberes adquiridos nem pela Psicopatologia Geral, nem por outros saberes que contribuem para a compreensão do sofrimento psíquico - a filosofia, a psicologia, a psicanálise, a literatura, as artes, o jornalismo etc - não está tão interessada na descrição e classificação da doença mental como no que é vivido e expressado pelo paciente, pois baseia-se no pressuposto de que o pathos manifesta uma subjetividade que é capaz, através da narrativa, do relato, do discurso, da expressão em palavras, de transformar a paixão e o assujeitamento numa experiência servindo para a existência do próprio sujeito e, quem sabe, à medida que for compartilhada, para outros sujeitos.


Levando-se em conta o pressuposto de que nenhum conhecimento especializado é capaz de esgotar a compreensão do sofrimento psíquico, as pesquisas realizadas no âmbito da Psicopatologia Fundamental visam encontrar palavras que exprimam, de forma a mais precisa e compreensiva possível, o pathos psíquico que se manifesta na clínica psicoterapêutica. Neste sentido, a clínica psicoterapêutica não segue o procedimento médico visando suprimir o sintoma com o remédio e considerar, com isso, que se produziu uma cura.


Podendo utilizar o remédio como um elemento do tratamento, elemento que deixa de ser um objeto final para ser algo que possui um caráter enigmático e obscuro, a clínica psicoterapêutica, na ótica da Psicopatologia Fundamental, deve estar sempre orientada no sentido de encontrar as condições metodológicas que permitam, tanto ao paciente como ao psicoterapeuta, encontrar palavras que representem, da melhor maneira possível, o pathos que é tratado nesta clínica, pois o que se experimenta, nesta mesma clínica, é que o relato o mais preciso possível sobre o pathos produz uma transformação fazendo desaparecer o sintoma e alterando a estrutura mesma do psiquismo e até mesmo dos cérebros daqueles que estão envolvidos nessa prática.


A Psicopatologia Fundamental é, então, um trabalho que visa tanto a aquisição de uma experiência inerente ao pathos, como produzir efeito terapêutico qualitativo modificando a posição do sujeito em relação a seu próprio psiquismo e, conseqüentemente, alterando sua posição e dinâmica no mundo.


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Referência Bibliográfica


- Bento, Victor Eduardo Silva. "Formulando uma Psicopatologia Fundamental, justificando-a e ilustrando-a a partir da psicanálise", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. Vol. 1, no. 4, dez. 1998, pp. 11-29.


- Berlinck, Manoel Tosta, Psicopatologia Fundamental, São Paulo, Escuta, 2000.- Berlinck, Manoel Tosta. "Catástrofe e representação. Notas para uma teoria geral da Psicopatologia Fundamental". In Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. II, no. 1, março 1999, pp. 9-34.


- Ceccarelli, Paulo Roberto. "A contribuição da Psicopatologia Fundamental para a Saúde Mental". In Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. VI, no. 1, março 2003, pp. 13-25.


- Fédida, Pierre e Patrick Lacoste, "Psicopatologia/Metapsicologia. A função dos pontos de vista", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. I, no. 2, junho de 1998, pp. 23-58.


- Fédida, Pierre, "De uma psicopatologia geral a uma psicopatologia fundamental. Nota sobre a noção de paradigma", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. I, no. 3, setembro de 1998, pp. 107-121.


- Kupfer, Maria Cristina. "É possível uma Psicopatologia Fundamental da infância?", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. Vol. 1, no. 4, dez. 1998, pp. 101-110.


- Miranda, Ney Branco de. "Os caminhos de uma Psicopatologia Fundamental". In Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. 1, no. 4, dez. 1998, pp. 125-130.


- Pereira, Mario Eduardo Costa, "Formulando uma Psicopatologia Fundamental", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. I, no. 1, março de 1998, pp. 60-76.


- Queiroz, Edilene Freire de e Silva, Antonio Ricardo Rodrigues da (orgs.). Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. São Paulo: Escuta, 2002.- Singer, Flora, "La paradoja y lo negativo. Aportes para la Psicopatologia Fundamental", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. III, no. 1, março de 2000, pp. 131-142.


- Singer, Flora. "La paradoja y lo negativo. Aportes para la Psicopatologia Fundamental". In Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. III, no. 1, março 2000, pp.131-142.


- Singer, Flora. "Psicopatologia Fundamental: de uma cierta transmisión", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol III, no. 4, dez. 2000, pp. 112-121.


- Sonenreich, Carol, Giordano Estevão e Luis de Morais Altenfelder Silva Filho, "Notas sobre psicopatologia", in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. II, no. 3, setembro de 1999, pp. 124-145.


Presentation of The Field of Fundamental Psychopathology.


Mário Eduardo Costa Pereira



sábado, 17 de janeiro de 2009

VIVÊNCIA NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - Ijuí


O Grupo de Estudos em Saúde Coletiva – GESC está realizando no período de 07 a 18 de janeiro de 2009 Vivências na realidade do Sistema Único de Saúde no município de Ijuí – RS, em parceria com a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e Diretório Central dos Estudantes (DCE), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Ijuí, Coordenadoria Regional de Saúde, Conselho Municipal (COMUS) e Regional (CRS) da 17 região de saúde.
Trata-se de certa forma, da reedição de estágios de vivências no SUS, recolocando a metodologia de compreensão e problematização do cenário sanitário. Sendo assim, objetiva problematizar o controle social, a formação, a gestão e a atenção em saúde, nos saberes e práticas e da produção de autonomia e incentivo ao protagonismo estudantil como agentes de mudança no campo da saúde e social em consonância aos princípios e diretrizes do SUS.
Estão participando desta Vivência 21 estudantes da área da saúde e afins da Unijuí, Ufpel, Unisinos, Unisc, Uri Santiago e Ufrgs. O mesmo é organizado por estudantes para estudantes, coordenado pela Comissão de Organização e Apoio, composta por Elton Dari Cossetin dos Santos, Franciane Scheren e Liamara Denise Ubessi, e conta com três facilitadores - um da área de Educação Física e Nutrição, um da Psicologia e outro da Biologia, envolvidos com o movimento estudantil na área da saúde e afins e práticas de educação popular em saúde.
A metodologia utilizada consiste de imersão na rede de atenção a saúde, entendendo-a de forma ampliada, não só como a articulação dos serviços, mas destes na relação com a rede e movimentos sociais. As atividades, até o presente momento, consistiram de muitas rodas de estudo e debates sobre a organização e funcionamento do SUS, roda de conversas sobre o movimento da Reforma Sanitária, políticas públicas, controle e participação social, saúde indígena, contando com a participação de Teresinha Heck Weiller, docente do Departamento de Ciências da Saúde da Unijuí, Liane Beatriz Righi, docente da Universidade Federal de Pelotas, Sr. Moacir Deves presidente do Conselho Municipal e Regional de Saúde, Lucia Otonelli Crescente, tutora do Humaniza SUS e Véra Guidolin da 17ª Coordenadoria Regional de Saúde, Eronita Vargas Barcelos, docente do Departamento de Pedagogia da Unijuí, Ieda Zimmermann e Jorge Alexandre Silva da Incubadora Solidária e Desenvolvimento Sustentável da Unijuí.
Os participantes foram a campo na Coordenadoria Regional de Saúde, nas Unidades Básicas de Saúde do Thomé de Souza e Luiz Fogliato no município de Ijuí, área indígena Três Soitas no Barra do Guarita, município de Tenente Portela –RS. No dia 13 de janeiro de 2009, os participantes da Vivência conheceram como se organiza o sistema de saúde no município de Pejuçara/RS e de como este opera com os dispositivos da Política Nacional de Humanização da Gestão e Atenção em Saúde.
Na quarta-feira estarão realizando roda de debate com o Secretário Municipal de Saúde de Ijuí, Sr. Claudiomiro Pezzeta. No turno da tarde, será realizado visita ao Centro de Atenção Psicossocial I de Ijuí e a noite discussão a organização da atenção a saúde mental e políticas públicas; no dia 15 de janeiro/06, ocorrerá ação de divulgação dos direitos dos usuários na Praça da República de Ijuí e a tarde, visita ao Hospital de Caridade de Ijuí (a confirmar) e no dia 16 de janeiro de 2009, visita a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis – ACATA.
Esta Vivëncia encerra-se no domingo, dia 18 de janeiro de 2009, quando os participantes firmam compromissos de intervenção na realidade sanitária e social e de fortalecimento do movimento estudantil na saúde, sob a premissa de que a construção do SUS passa pelas mãos de todos e de como se pode operar a produção de vida em uma dimensão ético-político-social.

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