Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Tipologias do Terror:

 

a ilha 2005

Imagem do filme La Antena, 2007.

 

Os tupamaros uruguaios, o peruano Sendero Luminoso, a salvadorenha Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN), o filipino Novo Exército Popular e o malaio Partido Comunista, por décadas, foram rotulados de terroristas com inspiração maoísta. Também os sandinistas eram vistos como sinônimo de terror. Em seu combate, os Estados Unidos financiaram os "contras". Usaram a velha tática do terror contra terror sem nenhum respeito à soberania.

A rebeldia curda na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, no Irã, no Iraque e principalmente na Turquia considera-se como o que existe de pior no terrorismo. A perseguição implacável ao PKK, por razões geopolíticas, é ajudada por muitos e combatida por poucos. No México, o subcomandante Marcos não foge da rotulagem de terrorista apesar de suas ações radicais em favor das liberdades e dos direitos da maioria indígena em Chiapas.

O Exército Revolucionário Irlandês (IRA) mais o ETA (Pátria Basca e Liberdade), colocados nos porões da tortura pela repressão do Reino Unido e da Espanha, fazem da resistência sua razão de vida.


A desintegração da Iugoslávia tampouco processou-se fora do alcance do terror, do processo chamado de limpeza étnica.

O Movimento de Resistência Afrikânder, grande caçador e matador de negros no apartheid, nunca foi considerado como movimento terrorista pelos racistas brancos da África do Sul e da antiga Rodésia. Para a elite dominante sul-africana, terrorista era o Congresso Nacional Africano.

Outro fato histórico a ser lembrado é o terrorismo das ditaduras militares de direita espalhadas entre 1960 e 1980 por toda a América Latina. No Brasil, por exemplo, o terror do regime militar contou com a ajuda de muitas burocracias na implementação da repressão. Inclusive a diplomacia brasileira não negou préstimos à ditadura a que tão lealmente serviu rastreando e denunciando as vítimas do golpe militar em exílio no exterior.

Durante o século XIX até meados da segunda parte do século XX, o Ocidente confundia anarquismo com terrorismo. Possivelmente porque os anarquistas, de forma menos condescendente que os marxistas, sempre lutaram pela radical eliminação do Estado nacional.

A utopia anarquista, dentre as utopias, talvez tenha sido a mais reprimida. O suicídio montado na prisão alemã de Stammheim contra a liderança da Facção do Exército Vermelho, somado ao fim dado às Brigadas Vermelhas, na Itália, deu provas de ações nada democráticas contra o anarquismo em nome da razão de Estado.

Dos anarquistas nasceram ideias, sonhos, quase todos transformados em pesadelo por causa da repressão.

Dos protestos estudantis nascidos na França em 1968, por paradoxal que pareçam, transformaram-se em sementes para posterior germinação do terror.

O medo e a alienação, provaram que juntos, são as drogas mais nocivas das relações sociais perpetuando, assim a lei do mais forte. O terrorismo das injustiças sociais é alimento do vírus da violência, da despolitização e do silêncio dos injustiçados. A tipificação de terrorismo geralmente sacrifica, na maioria das vezes, pobres, excluídos e miseráveis. Então, "alguém" cria de forma genial um Bacillus Anthracis e será inocentado de todo e qualquer terrorismo.

Pior de tudo isso é viver o terrorismo da omissão. Não existe paz sem voz, paz sem voz não é paz é medo!

 

*Referência:

PROCÓPIO, Argemiro. Terrorismo e relações internacionais. Rev. bras. polít. int. [online]. 2001, vol.44, n.2, pp. 62-81. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292001000200004

 

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