Vontade
de comer, engolir imagens, viver dentro de imagens... Nos últimos anos,
aperfeiçoou-se tanto a técnica e a tecnologia das produções de fotos e suas
nuances, que elas atingiram tamanha perfeição. Um Vislumbre de imagens. Talvez,
por conta desse aspecto refinado das imagens, podemos dizer que vivemos num
presente intimamente ligado ao olhar, a imagem e a aparência (esses aspectos
narcísicos da constituição psíquica e, consequentemente de nossa cultura).
Justamente por isso, a imagem tem tamanha importância na cultura presente ou
contemporânea. Vou repetir uma citação do Walter Benjamin que gosto muito e,
sem dúvida, representa peculiarmente esse assombroso e deslumbrante mundo
imagético, pois sim, as imagens pertencem à esfera do imaginário. "O
analfabeto do futuro será aquele que não souber ler imagens", ou seja, o
iletrado poderá ser um sujeito incapaz de interpretar o mundo imagético - um
mundo resumido somente ao visual.
Será
que sobre tudo isto paira um certo perigo? Porque aquilo que aparece perante
nós (apesar de todas as ilusões), pode não ser uma obra, uma produção, mas
simplesmente, imagem - a imagem como entidade autônoma, desligada de qualquer
contexto ou sentido, de qualquer critério que não seja o seu próprio brilho.
Estamos falando de uma pretensa impotência da palavra perante a ascensão das
formas imagéticas, por tanto, a fragilização da esfera simbólica.
Desejo
de viver no quadro mais perfeito do mundo, na fotografia mais viva da história
humana, no click do momento perfeito, na manipulação mais genial da imagem. Eu
desejo esse inominável, que só meus olhos me fazem crer e perceber e que minhas
pulsões querem comer. Eu sou um comedor de imagens. Comedor de perfeição.
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