O jovem camponês francês, chamado Pierre Rivière, nasceu na comuna de Courvaudon e habitou em Aunay, preencheu as notícias de jornais e folhetins de 1835, causando repulsa e julgamento da opinião pública, aflorando a associação entre o trabalho jurídico e o psiquiátrico: Pierre Rivière que em 3 de junho de 1835, aos vinte anos, assassinou a golpes de foice sua mãe grávida de sete meses, Marie Anne Victorie; sua irmã de 18 anos Victorie Rivière, e seu irmão de sete anos, Jules Rivière.
Na busca pela motivação e justificação de tal crime de parricídio e fratricídio, um mosaico de interpretações e verdades foram se construindo à margem do texto e do ato do sujeito confesso. O livro intitulado Moi Pierre Rivière, ayant egorgé na mère, ma soeur et mon frère (1982) foi produzido pelo trabalho de uma equipe de pesquisadores, no Collège de France, sob a coordenação de Michel Foucault em 1973. O livro apresenta um conjunto notícias de jornais, testemunhos, interrogatórios, laudos médicos e uma gama de diferentes discursos que “permitem decifrar às relações de poder, de dominação e de luta dentro das quais os discursos se estabelecem e funcionam.
Assim começava o relato, por Pierre Rivière, do sucedido a 3 de Junho de 1835:
"Eu, Pierre Rivière, que degolei a minha mãe, a minha irmã e o meu irmão, e querendo dar a conhecer quais são os motivos que me levaram a cometer este acto, escrevi toda a vida que o meu pai e a minha mãe viveram juntos durante o seu casamento. Fui testemunha da maior parte dos factos, e que estão escritos no fim desta história (…)"
"Tomei pois essa decisão terrível, resolvi-me a matar os três; as duas primeiras porque estavam de acordo em fazer sofrer o meu pai, para o menino tinha duas razões, uma porque ele gostava da minha mãe e da minha irmã e outra porque eu receava que se matasse apenas as duas, o meu pai apesar de ficar horrorizado me lamentasse quando soubesse que eu morrera por ele, eu sabia que ele gostava desse filho que era inteligente, e pensava que ele ficaria de tal modo horrorizado comigo que exultaria com a minha morte e que assim, livre de remorsos, viveria mais feliz".
Mesmo recebendo o perdão do Rei (contra a pena de morte), o jovem Pierre se suicida na prisão.
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Eu, Pierre Rivière, que degolei a minha Mãe, a minha Irmã e o meu Irmão - Michel Foucault.
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Versão em Português do Livro:
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Moi, Pierre Rivière, ayant égorgé ma mère, ma soeur et mon frère... (1976)
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http://www.watchthisfree.com/movies/1976/moi-pierre-riviere-ayant-egorge-ma-mere-ma-soeur-et-mon-frere/download/
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(Pierre inventava palavras, fabricava objetos, queria construir uma charrete automática, queria aprender italiano e alemão, sabia passagens completas da Bíblia, sabia escrever de modo razoável e, até, poético), sofrido (a relação conturbada entre sua mãe – perversa – e seu pai – frágil fazia a família viver em constante conflito; ele atribui sua ação a uma tentativa de libertar seu pai das loucuras de sua mãe). Pierre cometia ações que traduziam certo desequilíbrio (ria e conversava sozinho nos campos, maltratava animais por prazer, corria atrás das crianças da vila com uma foice dizendo que ia cortar seus joelhos, jogá-las no poço, dizia ver o diabo e fadas, dizia que Deus conversava com ele).
O julgamento de Pierre Rivière representou a primeira vez em que a ciência médica e a Lei se cruzaram. Mais ainda: de um lado, havia a sociedade que, para aceitar a monstruosidade do crime, quis explicá-lo através da loucura, da alienação mental e da imbecilidade do assassino. De outro, Pierre Riviére, cujas memórias fogem completamente das explicações racionais em voga.
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2 comentários:
Adorei texto sobre o PIerre .ele foi insano esquisito um enigma prasociedade do seu tempo e tem um monte de "imitadores"de insanidade de gente quemata os pais como o massacredaFAmilia PEsseghini pelk garoto MArcelo de13 aons.vouvisitaro PEste sempre.MArcos PUnch.
Pois é, o que aconteceu no caso desta família é bem interessante de se analisar, embora, tenham suspeitas de ser um crime montado por alguém de fora. Mas, caso seja o menino, não é de se estranhar, pois crimes assim, são mais comuns do que imaginamos. Na cultura estadunidense, por exemplo, existem muitos casos.
Este escrito do Foucault inaugura um novo momento para a área do direito e da psicologia. Um baita livro, um baita estudo. Valeu!
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