Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hilda Hilst



Quando se está com dor, nada mais agradável do que a literatura. Quando quero sair de mim e, assim, entrar, inevitavelmente, numa espécie de mim-outra, eu leio o que não se recomenda ler. Quando daquela melancolia insuportável, uma dor-veneno vem de mansinho comer por dentro e comer muito, então, nada mais justo do que alimentar o monstruoso e fazer um caldo, quase sopa, daquelas coisas inquietantes, angustiantes, melodramáticas, trágicas, insuportaveis, desonestas, verdadeiras, solitárias, narcisistas, egoístas... A dor da alma é obscena, por isso, vai se mostrando aos pouquinhos, depois engole você e se esconde dentro das palavras.

Fiz uns recortes de coisas da Escritora Hilda Hilst. Uns videos bem bacanas e uns livros para capturar.
A receita é esta: Hilda Hilst para que tudo seja uma grande obscenidade, inclusive Deus. Para que tudo seja, em cada momento, um júbilo. Um noviciado da dor, da vida, da vontade, do desejo...

Alcoólicas

de Hilda Hilst

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.
(Alcoólicas - I)


***
Videos:

H H Falando

Reportagem especial sobre Hilda Hilst.
(Parte 1,2,3,4)
(1)
(2)
(3)
(4)

Zélia Duncan fala de H H:


Osmo: Peça de Teatro

Cena do Filme: Do Começo ao Fim. 

***
Livros de Hilda Hilst para degustar ao som de boleros e tangos:
A Obscena Senhora D.
Poesia Completa.
O Caderno Rosa de Lori Lamby.
Cartas de um Sedutor.
Cartas de um Sedutor. (Outra versão de arquivo)
Estar Sendo. Ter Sido.
O Rato no Muro.
Contos D'Escarnio.
Biografia e Resumo de Obras.
Revista Cult - 1998.


***
Sites Oficiais da Escritora:
http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html

***



"Fidelidade é qualidade de cachorro." (LFT - lembrando das palavras de HH)


"Alguns doutos em ciências descobriram que quanto maior o intestino, mais místico o indivíduo. E quem mais místico que Deus? Grande Intestino, orai por nós."


"Esquerda, direita, tudo a mesma esterqueira."


"Quem és? Pergunto ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó, Depois nada."



"E por que haverias de querer minha alma na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas, obscenas,
porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo, prazer, lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro.
E te repito: por que haverias de querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me."



2 comentários:

Alexandre Pedro disse...

Lindo blog, excelente postagem! Amei Hilda por aqui...abraço
Alexandre Pedro

A Peste Onírica disse...

Nossaaaaa, todos os links estão quebrados, vou tentar atualizá-los... A net se encolhe cada vez mais, precisamos distendê-la...

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