O lugar não tem muita importância neste caso
ou até tem se quiser dar um começo, meio e fim, mas nem sabemos como
tudo começou, então, parece existir certa confusão proposital. Não vai
acarretar nenhuma consequência dizer ao certo como estamos
aqui, pelo contrário, seria apenas uma obrigação de recomeçar a dizer
de parte nenhuma, de ninguém e de nada para chegar novamente a qualquer
caminho. Não faz diferença quem quer que eu seja, onde quer que eu
esteja...
Assisti por indicação de uma amiga uma peça, uma dança uma encenação de Pina Baush que me fez ver o interior de meu crânio fixo. Lembrei de coisas feitas por mim sem querer saber de mim. Querer saber de eu antigamente se errava ou não errava, agora estou fixa não sei aonde, não sei se uso a cabeça, as mãos, os pés, as costas. Não tenho medo, tenho medo e por hora tenho medo de minha voz, medo daquilo que minhas palavras vão fazer de mim. E pouco importa se saberei ou não, se me engole ou se me vomita. Eu, de quem nada sei, sei que tenho os olhos abertos devido as lágrimas que deles escorrem sem cessar e não tratarei mais disso, apenas uma pergunta se ela se relaciona ou não, em suma, eu inventei tudo, sem ajuda de ninguém, pois não há ninguém para retardar a hora de falar de mim. Eis a pergunta: Será que nunca poderei calar-me?
Assisti por indicação de uma amiga uma peça, uma dança uma encenação de Pina Baush que me fez ver o interior de meu crânio fixo. Lembrei de coisas feitas por mim sem querer saber de mim. Querer saber de eu antigamente se errava ou não errava, agora estou fixa não sei aonde, não sei se uso a cabeça, as mãos, os pés, as costas. Não tenho medo, tenho medo e por hora tenho medo de minha voz, medo daquilo que minhas palavras vão fazer de mim. E pouco importa se saberei ou não, se me engole ou se me vomita. Eu, de quem nada sei, sei que tenho os olhos abertos devido as lágrimas que deles escorrem sem cessar e não tratarei mais disso, apenas uma pergunta se ela se relaciona ou não, em suma, eu inventei tudo, sem ajuda de ninguém, pois não há ninguém para retardar a hora de falar de mim. Eis a pergunta: Será que nunca poderei calar-me?
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Os passos de Bausch eram como rotinas banais e
filosóficas, reverentes e irreverentes. Ela dizia: “Eu não estou interessada
tanto em como as pessoas se movem como ‘no que’ as move”. “O trabalho [...] é
sobre relações, infância, medo da morte e quanto nós todos desejamos ser
amados”.
"Eu só posso fazer algo muito aberto, eu não
estou mostrando uma visão. Há conflitos entre pessoas, mas eles podem ser
olhados de cada lado, de ângulos diferentes. Ou: Você pode ver isto assim
ou assim. Depende do modo que você assiste. [...] Você sempre pode assistir de
outro modo."
Os passos de Bausch eram como rotinas banais
e filosóficas, reverentes e irreverentes. Ela dizia: “Eu não estou interessada
tanto em como as pessoas se movem como ‘no que’ as move”. “O trabalho [...] é
sobre relações, infância, medo da morte e quanto nós todos desejamos ser
amados”.
"Eu só posso fazer algo muito aberto, eu não
estou mostrando uma visão. Há conflitos entre pessoas, mas eles podem ser
olhados de cada lado, de ângulos diferentes. Ou: Você pode ver isto assim
ou assim. Depende do modo que você assiste. [...] Você sempre pode assistir de
outro modo."
Os atos performáticos jamais eram gratuitos.
Estavam sempre examinando e questionando relações de poder. Se a plateia muitas
vezes sentia-se desconfortável, é porque era implicada e confrontada como
“(...) membro de uma sociedade de consumo”, preconceituosa e egoísta. E é para
essa sociedade que Bausch chamava a atenção: “(...) nós temos que olhar
novamente e novamente” e refletir sobre isso. Seu teatro remete o espectador a
sua própria realidade e exige uma cumplicidade. Algumas vezes, um doloroso
envolvimento, ao reconhecer seu próprio ‘eu’ sendo dissecado. “(...) a imagem é
um espinho no olho e os corpos escrevem um texto que desafia publicação, que
aprisiona o sentido”.
Os atos performáticos jamais eram gratuitos.
Estavam sempre examinando e questionando relações de poder. Se a plateia muitas
vezes sentia-se desconfortável, é porque era implicada e confrontada como
“(...) membro de uma sociedade de consumo”, preconceituosa e egoísta. E é para
essa sociedade que Bausch chamava a atenção: “(...) nós temos que olhar
novamente e novamente” e refletir sobre isso. Seu teatro remete o espectador a
sua própria realidade e exige uma cumplicidade. Algumas vezes, um doloroso
envolvimento, ao reconhecer seu próprio ‘eu’ sendo dissecado. “(...) a imagem é
um espinho no olho e os corpos escrevem um texto que desafia publicação, que
aprisiona o sentido”.
Pina Bausch ( 27 de julho de 1940 — 30 de Junho de 2009)
(Cena e capa do Filme Pina)
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