Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


terça-feira, 30 de abril de 2013

A Poesia de Pina Baush

O lugar não tem muita importância neste caso ou até tem se quiser dar um começo, meio e fim, mas nem sabemos como tudo começou, então, parece existir certa confusão proposital. Não vai acarretar nenhuma consequência dizer ao certo como estamos aqui, pelo contrário, seria apenas uma obrigação de recomeçar a dizer de parte nenhuma, de ninguém e de nada para chegar novamente a qualquer caminho. Não faz diferença quem quer que eu seja, onde quer que eu esteja...
Assisti por indicação de uma amiga uma peça, uma dança uma encenação de Pina Baush que me fez ver o interior de meu crânio fixo. Lembrei de coisas feitas por mim sem querer saber de mim. Querer saber de eu antigamente se errava ou não errava, agora estou fixa não sei aonde, não sei se uso a cabeça, as mãos, os pés, as costas. Não tenho medo, tenho medo e por hora tenho medo de minha voz, medo daquilo que minhas palavras vão fazer de mim. E pouco importa se saberei ou não, se me engole ou se me vomita. Eu, de quem nada sei, sei que tenho os olhos abertos devido as lágrimas que deles escorrem sem cessar e não tratarei mais disso, apenas uma pergunta se ela se relaciona ou não, em suma, eu inventei tudo, sem ajuda de ninguém, pois não há ninguém para retardar a hora de falar de mim. Eis a pergunta: Será que nunca poderei calar-me?

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Os passos de Bausch eram como rotinas banais e filosóficas, reverentes e irreverentes. Ela dizia: “Eu não estou interessada tanto em como as pessoas se movem como ‘no que’ as move”. “O trabalho [...] é sobre relações, infância, medo da morte e quanto nós todos desejamos ser amados”.

"Eu só posso fazer algo muito aberto, eu não estou mostrando uma visão. Há conflitos entre pessoas, mas eles podem ser olhados de cada lado, de ângulos diferentes. Ou: Você pode ver isto assim  ou assim. Depende do modo que você assiste. [...] Você sempre pode assistir de outro modo."

 Os passos de Bausch eram como rotinas banais e filosóficas, reverentes e irreverentes. Ela dizia: “Eu não estou interessada tanto em como as pessoas se movem como ‘no que’ as move”. “O trabalho [...] é sobre relações, infância, medo da morte e quanto nós todos desejamos ser amados”.

"Eu só posso fazer algo muito aberto, eu não estou mostrando uma visão. Há conflitos entre pessoas, mas eles podem ser olhados de cada lado, de ângulos diferentes. Ou: Você pode ver isto assim  ou assim. Depende do modo que você assiste. [...] Você sempre pode assistir de outro modo."

Os atos performáticos jamais eram gratuitos. Estavam sempre examinando e questionando relações de poder. Se a plateia muitas vezes sentia-se desconfortável, é porque era implicada e confrontada como “(...) membro de uma sociedade de consumo”, preconceituosa e egoísta. E é para essa sociedade que Bausch chamava a atenção: “(...) nós temos que olhar novamente e novamente” e refletir sobre isso. Seu teatro remete o espectador a sua própria realidade e exige uma cumplicidade. Algumas vezes, um doloroso envolvimento, ao reconhecer seu próprio ‘eu’ sendo dissecado. “(...) a imagem é um espinho no olho e os corpos escrevem um texto que desafia publicação, que aprisiona o sentido”.

Os atos performáticos jamais eram gratuitos. Estavam sempre examinando e questionando relações de poder. Se a plateia muitas vezes sentia-se desconfortável, é porque era implicada e confrontada como “(...) membro de uma sociedade de consumo”, preconceituosa e egoísta. E é para essa sociedade que Bausch chamava a atenção: “(...) nós temos que olhar novamente e novamente” e refletir sobre isso. Seu teatro remete o espectador a sua própria realidade e exige uma cumplicidade. Algumas vezes, um doloroso envolvimento, ao reconhecer seu próprio ‘eu’ sendo dissecado. “(...) a imagem é um espinho no olho e os corpos escrevem um texto que desafia publicação, que aprisiona o sentido”.



Pina Bausch ( 27 de julho de 1940 — 30 de Junho de 2009)



(Cena e capa do Filme Pina)




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