Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Da palavra errante



Por Gonzalo Penalvo Rohleder, 14 de julho de 2011

Uma velha sabedoria diz que "toda palavra é um erro". Faz sentido, a palavra sempre falha em representar aquilo que é particular, único e amplo numa alma. Palavra é símbolo, é limitada, espera interpretação, é deformada pela interpretação, ganha vida com a interpretação.

 A palavra é um erro, é verdade, mas essa é só meia verdade. Ela também é acerto, pois é tentativa de expressar o que se move sem palavras dentro de nós. A própria vida é constante ensaio e incompletude, e acaso a vida é um erro por ser incompleta?
  
Persistente e teimosa peregrina é a palavra, com uma vontade de ferro em seus percalços à busca de mencionar o que não pode ser dito. Insistente como é, chega a vacilar às vezes, mas logo encontra outros caminhos para seguir adiante - e quanto mais tortuosos mais verdadeiros me parecem. Ela é um negativo dos estados interiores e a própria vida positivada.
  
Muitas vezes a falta da palavra, o calar constitui um erro.

Que Cheiro tem o Amor?



*** Por Nairana Melo - 19/07/2011...

Ele tinha cheiro de vento norte! Disse uma amiga, numa conversa de bar. Olhares estranhos por segundos... Mas, o que é um cheiro de vento norte?
- Ora! Vocês nunca sentiram o cheiro do vento norte?
Não! Acho que nunca senti cheiro de vento norte! Mas, já senti cheiro de rosas, jasmim, de folhas secas caindo no outono, de inverno, verão, primavera... O amor é o cheiro de quem se ama. O amor é isso, cheiro, que só quem ama sabe descrever. Só quem já amou pode falar do amor. Aqueles que nunca amaram, não sabem retribuir, tampouco, entender o que é um cheiro de vento norte.
Amo porque amo o amor. Não consigo imaginar nada mais belo do que o amor, nada mais embriagante que beber do amor... amar não tem medida, não ora, não tem lugar, só sabemos discursar sobre o amor, quando dele somos tomados.
Amar é dizer de nós. É falar dos nossos desejos, dos nossos sonhos, das nossas esperanças, das nossas fraquezas. Amar é ser por vezes ridículo e, às vezes, loucos.. Nada é pequeno no amor. Quem espera os grandes momentos, para declarar seu amor a alguém, é porque não ama.
Para quem ama, o amor tem cheiro de vento, cheiro de rosas, cheiro de folhas caindo no outono, cheiro de jasmim, cheiro de chá... Cheiro do mundo, cheiro de vida!
Às vezes, esse cheiro nos reporta ao sofrimento. Esse tal amor pode nos doer. Mas, é preciso sofrer e depois de ter sofrido, amar mais ainda, depois de ter amado. Diria Mario Quintana "tão bom morrer de amor e continuar vivendo". É isso o amor, só é amor quando dele tiramos a força para viver e desejar sempre estar ao lado de quem se ama...
Enfim, ele tinha cheiro de vento norte! Tinha cheiro de amor...

Dedicado a todos que um dia já amaram e sabem falar do cheiro do seu amor... 

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