Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

* A Peste Onírica é um delírio subversivo. Postamos aqui nossas réles "produçõezinhas"; nossos momentâneos surtos de divagações em nome do Real do Simbólico e do Imaginário. Estão aqui nossos ensaios para que possamos alçar outros vôos num futuro próximo. Aproveitem os links, os materiais, as imagens, as viagens. Sorvam nossas angústias, nossas dores e masquem nossa pulsão como se fosse um chiclete borrachento com sabor de nada. Pirateiem, copiem, contribuam e comentem para que possamos alimentar nosso narcisismo projetivo. E sorvam de nossa libido, se assim desejarem.


domingo, 7 de novembro de 2010

Existe prazer em matar?



O ser humano é agressivo e a agressividade é a conduta essencial à sobrevivência: seja para caçar, disputar parceiros sexuais ou para sobrepujar outros na conquista de bens escassos. Além disso, no caso do ser humano, a agressividade está relacionada com as atividades de pensamento, imaginação e ação verba/não verbal.

Consequentemente, alguém "muito bonzinho" poderá ter fantasias destrutivas ou até mesmo sua agressividade poderá se manifestar pela sua ironia, tornando-se irreconhecível perante as pessoas com quem convive. A educação e o meio social buscam o controle dessa agressividade. Assim, desde criança o ser humano aprende a reprimi-la e a não expressá-la de modo descontrolado e descontínuo, ao mesmo tempo em que a cultura cria condições de levar esses mesmos impulsos para as artes, esportes etc.

Para a Psicanálise, a agressividade é constitutiva do ser humano, é a ruptura do pacto social na própria sociedade, é a perfeita anomia representada pelo sujeito. E esse rompimento social pode implicar do ponto de vista inconsciente, a ruptura com o pacto edípico, desencadeando comportamentos delinquentes. Esse esvaziamento do real valor simbólico da lei, introjetada por Freud, é o verdadeiro sentido psicanalítico desta ausência de regras. Freud, como psicanalista, construiu sua teoria permeando nas evidências da constituição do sujeito a implicação da relação com o outro.

Essa função controladora ocorre no processo de socialização, no qual se espera que, a partir de vínculos significativos que o indivíduo estabelece com os outros, ele passe a internalizar os controles. Aí deixa de ser necessário o controle externo, porque o controle interno já se encontra dentro do indivíduo. Em todos os grupos sociais há mecanismos de controle e/ou punição dos comportamentos agressivos que não são valorizados pelo próprio grupo. E a sociedade também apresenta seus mecanismos, que se apresentam nas leis.

A estrutura social define o status e os papéis dos sujeitos e a estrutura cultural define as metas a serem alcançadas por parte dos membros da sociedade, assim como normas que devem seguir para que alcancem metas estabelecidas. A fragmentação do mundo social se revela quando somos incapazes de impedir que a violência se desencadeie como alternativa à solução de carências e conflitos, uma forma de reação pretextada pela luta pela sobrevivência, alimentando cada vez mais violência num processo social desenfreado e competitivo. As causas deste processo são multifatoriais e suas facetas são múltiplas.

A Psicologia Criminal, juntamente com a Psicanálise, verifica o estudo das relações entre o fenômeno exercido ou vivido do crime e a personalidade de seu autor e também da própria vítima, permitindo uma compreensão apurada dos acontecimentos da ação e do sofrimento alheio, associando a tudo isso um estado de "perturbação mental", alterando com desvios de comportamento quando o indivíduo alterna desempenhos na sua capacidade pensante.

Este transtorno está ligado a um estado de afetividade que se manifesta em violência, com requintes de crueldade e motivação momentânea. Pela motivação para a prática do ato violento pode-se considerar a existência de basicamente dois tipos de homicidas: o homicida emocional age com violenta emoção, por perceber a ocorrência de provocação injusta (causando indignação) por parte da vítima, produzindo uma ira que conduz à prática do delito, sem intervalo entre a provocação e reação. Já o homicida passional possui a incerteza do enigma de ser ou não amado (impotência para o desejo do outro) e assim vive uma experiência de privação, cuja incerteza o leva à prática delituosa. O que ele deseja é apenas a morte, símbolo imaginário que se caracteriza com seus desejos íntimos, ritualizados por prazer sádico. Esse desejo se revela no ato de destruir o outro "ruim", cuja dor sofrida é vista pela ação agressiva como uma compensação ritualizada do prazer.

Visão Freudiana

Um dos princípios que rege o funcionamento mental é o prazer: a atividade psíquica no seu conjunto tem por objetivo evitar o desprazer e proporcionar o prazer.

Sigmund Freud considera o complexo da violência como algo decorrente de possuir o homem um instinto natural agressivo. Ao se aplicar a teoria freudiana à criminalidade, há indicações de um conflito entre o superego, id e ego, favorecendo o surgimento de um egoísmo ilimitado, um forte impulso destruidor, uma ausência total de amor e uma falta de avaliação emocional dos seres humanos vistos como objetos, com um sentimento de culpabilidade que se busca sufocar por vários tipos de racionalização.

Freud explorou o conceito de que existe um conflito dentro das pessoas. O conflito seria de um instinto animal, recusado pela sociedade, causando então uma resistência do sujeito ao instinto. O sujeito reprime o instinto para o inconsciente e procura substituí-lo por outros métodos de compensação.

Texto completo:  REVISTA PSÍQUE (Artigo de Cláudia Maria França Pádua - Psicóloga e Criminóloga)

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Sugestões de Leituras e Filmes:
 
*  Prazer, Meu Nome é Morte (ARTIGO MT BOM)

* Considerações Acerca do Fenômeno dos Assassinos em Série (Artigo)

Abaixa os Filme:

* Filme: O Talentoso Ripley

* Filme: Hannibal - A Origem do Mal

* Filme: Perfume - A História de um Assassino

* Filme: Instinto Secreto

* Filme: Encontro Marcado (Para Pensarmos as Pulsões)

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