Quadro "O Pesadelo" de Henry Fuseli (1741-1825)

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

LIGAÇÕES PERIGOSAS: Medéia e Creusa X Sra. K e Dora e ainda Freud e Fliess.

(Creusa e os Filhos de Medéia quando da entrega do presente envenenado)

No Caso Clínico de Dora encontramos no texto os nomes Medéia e Creusa, de forma, digamos, estranha, pois, Freud insere esse fragmento mitológico sem dar nenhuma referência, a ponto de supormos um possível erro da edição brasileira (o que é bem provável, embora os indícios sejam outros).

Creusa faz parte da mitologia Grega e aparece na tragédia Medéia (gr. ΜΗΔΕΙΑ), uma das mais conhecidas obras-primas de Eurípides. Na tragédia que conta a história de Medéia e Jasão, os laços de amizade unem Creusa e Medeia numa trama de vingança. Resumidamente: “Creusa (filha de Creonte, rei de Corinto) casou-se com Jasão, depois que este se divorciou de Medéia Medéia fingiu fazer as pazes com Creusa, buscando vingar-se. Mandou que seus filhos entregassem à princesa uma túnica e um diadema impregnados de veneno. Quando Creusa colocou os adornos, sua pele começou a pegar fogo e decompor-se. O rei Creonte, vendo sua filha pedir socorro, tentou tirar-lhe os adornos, mas seu veneno era tão forte que acabou matando os dois. Medéia teve um acesso de loucura e matou também seus próprios filhos, para se vingar de Jasão.” (retirado da Wikipedia).

Agora, se especularmos além, podemos encontrar fatos mais curiosos ainda e, melhor, sobre o Dr. Freud e seu amigo/confidente Fliess. No livro “O Livro de Ouro da Psicanálise” (Manuel da Costa Pinto[org.], Ediouro, 2007) algumas referências:

“Freud, ainda sob o domínio de sua própria transferência sobre Fliess, não pôde superá-la durante o tratamento de Ida [nome verdadeiro de Dora]. Ele confidenciou a Fliess, a propósito de seu texto, que era “o mais sutil que havia escrito”. Este caso clínico seria para Freud uma oportunidade de reencontrar a afeição de Fliess? Seu texto assemelha-se a uma mensagem, em que tentaria persuadir o antigo confidente de que descobrira critérios objetivos, chaves para ler o pensamento do outro. Além disso, Ida era o primeiro nome da mulher de Fliess. Em 1900, Freud estava convencido de que ela, com ciúme da relação entre Sigmund e Wilhelm, fizera tudo para distanciá-los. O ‘Caso Dora’ não seria seu último apelo àquele que o abandonara?

Em seu estudo do caso Dora, Freud se refere à tragédia grega ‘Medéia’, de Eurípides: “Quando Dora [Ida] se hospedava na casa dos K. [os Zellenka], ela compartilhava o quarto de Sra. K. [Peppina]; o marido fora desalojado. Dora tornara-se confidente e conselheira da jovem esposa nas dificuldades de sua vida matrimonial; elas falavam sobre tudo. Medéia gostou que Creusa tivesse cativado as duas crianças. Sra. K. certamente não fez nada para perturbar as relações do pai de seus filhos com a mulher.”

Supomos que a Sra. K. era Medéia que se dedicava com devoção aos filhos do casal e Dora era Creusa. O que Freud estava dizendo com esta referência literária? Em alemão, “tosão de ouro” se diz ‘Goldenes Vliess’ e ‘Vliess’ tem a mesma pronúncia de ‘Fliess’: o elo se impõe ao leitor alemão (...).

Após essa explicação é feita uma relação entre a tragédia grega e Freud-Fliess. “Ida Fliess seria Medéia, feiticeira pela qual Freud nutre, em 1900, ressentimento, já que ela o teria afastado de seu amigo, seu ‘Jasão’.”

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Para saber mais sobre os Gregos:
PORTAL GRECIA ANTIGA – www.greciantiga.org

*Texto/Pesquisa: Mateus Baldissera
*Revisão/Pesquisa: Luciana Mai

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